Demorou, mas a cena externa conseguiu derrubar o dólar no Brasil. Na véspera (23), a moeda americana caiu 0,5% ante uma cesta de pares, maior recuo diário desde o início de maio. No entanto, os riscos fiscais internos impediram uma queda da divisa ante o real, que manteve estabilidade.
Já nesta terça-feira (24), o otimismo externo prevaleceu e o dólar tombou 2,20%, encerrando o dia cotada a R$ 5,2616. Ao mesmo tempo que o cenário internacional enfraqueceu a moeda americana, juros mais atrativos no Brasil empurraram-na ainda mais para baixo. Apesar do forte recuo, o dólar ainda acumula valorização de 1% ante o real em 2021.
Dados sobre o Produto Interno Bruto (PIB) da Alemanha, cujo crescimento superou as estimativas, animaram os mercados. A maior economia da Europa mostrou uma recuperação firme no segundo trimestre graças ao aumento do consumo das famílias e dos gastos públicos. O abrandamento das medidas restritivas contra a Covid-19 ajudou a impulsionar esse resultado.
Cenário interno preocupa, mas não impede queda do dólar
Se no exterior os investidores seguem animados com a queda de casos da Covid-19, no Brasil, os conhecidos problemas fiscais e políticos continuaram preocupando. Contudo, nesta terça, os operadores preferiram focar na taxa básica de juros do país, a Selic, que acumula quatro altas seguidas e deve subir ainda mais no decorrer do ano.
Em suma, uma Selic mais alta puxa consigo os juros praticados no país. Assim, o real fica mais atraente que o dólar, pois os juros geram um rendimento mais alto do que o da moeda americana. A junção destes fatores enfraqueceram o dólar, que tombou no dia.
Entretanto, vale ressaltar que os riscos fiscais e políticos continuam latentes no Brasil. Em síntese, o presidente Jair Bolsonaro pretende elevar o valor médio do Bolsa Família em, pelo menos, 50%. Para isso, entregou à Câmara dos Deputados uma Medida Provisória que visa utilizar o dinheiro “economizado” dos precatórios para turbinar o programa assistencial.
Nesse caso, o governo também enviou ao Congresso Nacional a PEC dos Precatórios, que pretende parcelar dívidas mais altas do poder público. Assim, a saúde fiscal do Brasil ficará ainda mais debilitada, pois o parcelamento de dívidas não as faz desaparecer, apenas as empurram para frente. E o futuro incerto do Brasil, apesar de não ter impulsionado o dólar hoje, o vem fazendo recorrentemente.
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