Grupos de ambientalistas e indígenas brasileiros, bem como algumas empresas, estão pedindo aos EUA que cumpram o financiamento prometido para proteger as florestas e trabalhar diretamente com as pessoas que vivem, de modo a protegê-las. Como resultado, mais de 330 organizações e empresas assinaram uma carta pleiteando o projeto, chamado Amazon21, que criará um fundo de US $9 bilhões, administrado pelo Departamento de Estado dos EUA para financiar a conservação florestal e o sequestro natural de carbono nos países em desenvolvimento.
Entenda o caso
A carta tem o objetivo de fazer pressão no Departamento de Estado dos EUA, antes de uma audiência marcada para quinta-feira (12/05) perante o Comitê de Relações Exteriores da Câmara dos EUA, que irá discutir um projeto de lei apresentado em novembro pelo líder da Câmara, Steny Hoyer.
Os signatários disseram na carta que aprovar a medida mostraria que o presidente Joe Biden está cumprindo sua promessa em uma conferência internacional sobre o clima em Glasgow, na Escócia, no ano passado, de fornecer financiamento para combater as mudanças climáticas.
No entanto, as chances do projeto de lei passar no Senado e na Câmara dos Deputados dos EUA são incertas, já que o Congresso e o governo Biden se concentram no apoio militar à Ucrânia, enquanto os elementos domésticos da agenda climática de Biden permanecem estagnados.
Situação da floresta amazônica
O Brasil abriga cerca de dois terços da floresta amazônica, a maior floresta tropical do mundo e um enorme sumidouro de carbono. Há temores generalizados de que o desmatamento pode desencadear grandes quantidades de carbono para a atmosfera, complicando ainda mais as esperanças de deter as mudanças climáticas. Além disso, para piorar a situação, pode passar de um ponto de inflexão, após o qual a maioria da floresta iniciará um processo irreversível de degradação, transformando-se em savana.
Esforços se para proteger a floresta se intensificam
Os signatários da carta incluem a Coalizão Brasileira sobre Clima, Florestas e Agricultura, uma organização abrangente que inclui o Fundo Mundial da Natureza e a gigante produtora de carne JBS. A Coordenação de Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira também assinou. Aqueles que assinaram a carta disseram esperar que o projeto de lei garanta “financiamento transparente e direto” para trabalhar diretamente com os povos indígenas e outros que tradicionalmente protegem as florestas e cujos meios de subsistência foram diretamente afetados pelo desmatamento.
Políticas opostas
No Brasil, a questão de quem controla esses fundos é ainda mais sensível, tendo em vista que, o governo do presidente Jair Bolsonaro não apoia a proteção da floresta amazônica nem o autogoverno indígena. Para entender com exatidão o que essa força política contrária representa, basta observar o pico de desmatamento na Amazônia, atingido durante a atual presidência, saltando 22% em relação ao ano anterior.
Apesar disso, a carta não é uma resposta à extrema-direita de Bolsonaro, cujas políticas ambientais têm sido amplamente criticadas durante o seu mandato. O fundo havia sido desenhado para que quanto mais o Brasil reduzisse o desmatamento, maiores seriam as doações, no entanto, essa cooperação internacional vem se definhando ao longo dos anos.
Em suma, na tentativa de reaver essa situação, a carta foi enviada a Hoyer, à presidente da Câmara Nancy Pelosi, a Biden, ao secretário de Estado Antony Blinken e a membros do Comitê de Relações Exteriores da Câmara.