Antes chamada de B.1.1.529, a variante do coronavírus já foi identificada em Israel, Bélgica, Hong Kong e Botsuana, além da África do Sul. A OMS classificou a Ômicron como “variante preocupante”. No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, Anvisa, aconselhou que o governo tome medidas para restringir os voos e os visitantes chegados da África do Sul.
Mais de 80 casos já foram confirmados na África do Sul. No entanto, a OMS afirmou que os casos estão crescendo nas províncias do país. De acordo com o órgão, a primeira amostra coletada no país foi no dia 9 de novembro.
Além da África, houveram casados em Botsuana e Hong Kong. Na Europa, o primeiro caso que foi confirmado foi na Bélgica. A paciente havia estado no Egito em novembro deste ano.
A Alemanha também confirmou dois casos na região da Baviera e Itália e República Checa registram um caso cada. Em Israel, também consta um caso confirmado.
50 mutações da variante do coronavírus
De acordo com o professor Tulio de Oliveira, diretor do Centro para Resposta Epidêmica e Inovação da África do Sul, foram localizadas 50 mutações da variante do coronavírus. Oliveira, que é brasileiro, informou que a variante carrega uma “constelação incomum de mutações” e é “muito diferente” de outros tipos que já circularam.
A OMS também destacou que “a variante tem um alto número de mutações, sendo algumas das mais preocupantes”. O órgão informou que os testes existentes de detecção da covid-19 são capazes de detectar a Ômicron.
Há o temor na comunidade científica de que a variante possa ser “a pior já existente”, embora haja poucas informações disponíveis até o momento. De acordo com a OMS, levará semanas para analisar em detalhes a nova variante do coronavírus.
Com base nas descobertas até agora, cientistas temem que essa nova versão do coronavírus seja mais transmissível e “drible” com mais facilidade o sistema imunológico. Em termos práticos, isso significa não só aumentar o número de infecções, mas consequentemente as hospitalizações e mortes. Portanto, existe a possibilidade de que as vacinas disponíveis hoje possam ser menos eficazes contra ela.
A chave para entender por que a Ômicron trouxe tamanha preocupação se deve ao seu alto número de mutações. Os vírus fazem cópias de si mesmos para se reproduzir, mas não são perfeitos nisso. Erros podem acontecer, resultando em uma nova versão ou “variante”.
Uma das farmacêuticas que desenvolve vacinas, a Novavax, já está trabalhando em uma versão do imunizante que mira na variante Ômicron.
Baixa taxa de vacinação mundial
Na África do Sul, apenas 23,5% da população está totalmente vacinada, em comparação com 60% no Brasil. Esses são dados da plataforma Our World in Data, da Universidade de Oxford, no Reino Unido. O programa de vacinação do país desacelerou nos últimos meses. Não por causa da falta de suprimentos, mas devido à indiferença pública.
Esse nível de mutação provavelmente veio de um único paciente que não conseguiu se livrar de uma infecção por covid-19 rapidamente, dando ao vírus mais tempo para se transformar. Muitas mutações não significam automaticamente algo ruim. O importante é saber o que elas provocam.