Hamilton Mourão (Republicanos), vice-presidente da República, concedeu uma entrevista nesta quinta-feira (14) minimizando a autorização da compra de 35 mil comprimidos de sildenafila, nome genérico do Viagra, pelas Forças Armadas.
Exército gastou mais de R$ 3 milhões para comprar próteses penianas infláveis
Em entrevista ao jornal “Valor Econômico”, ele afirmou que toda a repercussão sobre a compra do medicamento, geralmente utilizado para o tratamento de disfunção erétil, é “coisa de tabloide sensacionalista”, dizendo ainda que a compra teria como intuito abastecer as farmácias das Forças Armadas.
“Nós temos farmácias. A farmácia vende medicamentos. E o medicamento é comprado com recursos do fundo. Então, tem o velhinho aqui”, começa Mourão, apontando para si mesmo. “Eu não posso usar o meu Viagra, pô? O que são 35 mil comprimidos de Viagra para 110 mil velhinhos que tem? Não é nada”, disse ele.
A declaração de Mourão, que é pré-candidato ao Senado pelo Rio Grande do Sul, acontece porque, na segunda (11), assim como publicou o Brasil123, o deputado federal Elias Vaz (PSB-GO) pediu que o Ministério da Defesa explicasse sobre a autorização da compra de 35 mil comprimidos do composto para as Forças Armadas.
Esses processos de licitação foram descobertos através do portal da Transparência e no painel de preços do governo. De acordo com o Exército, e também com a Marinha, esses medicamentos foram pedidos para o tratamento de hipertensão arterial pulmonar, doença rara que acomete mais mulheres que homens.
Em entrevista ao portal “UOL”, Veronica Amado médica pneumologista e coordenadora da Comissão de Circulação Pulmonar da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT), afirmou que a dosagem de 25 mg como a do Viagra, não é a prevista na literatura para tratar a condição.
Bolsonaro também minimizou o caso “Viagra”
Além de Mourão, o presidente Jair Bolsonaro (PL) também tratou de minimizar o caso da compra de Viagra, negando que o medicamento seria utilizado para a disfunção erétil. “Com todo respeito, não é nada. Quantidade… O efetivo das três forças, obviamente… Muito mais usado pelos inativos e pensionistas”, afirmou o chefe do Executivo.
Não suficiente, Bolsonaro também criticou a imprensa e comparou a polêmica do Viagra com a repercussão dos R$ 20,2 milhões pagos em 2020 para a compra de leite condensado pelo governo federal, caso que o Brasil123 acompanhou quando foi revelado.
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