Como será o 2022 da bolsa brasileira de valores em pleno ano eleitoral? No fim de 2021, os investidores já se prepararam para o ano seguinte, esperando uma alta volatilidade. Afinal, as incertezas do cenário político, somando-se à deterioração do quadro fiscal do Brasil mostra que será um período de grandes desafios.
De acordo com vários analistas econômicos, as atenções do mercado se voltam para o projeto do Orçamento para 2022. Isso porque houveram impactos relativos à PEC dos Precatórios, antes mesmo que o Senado desse a sua aprovação.
A medida estabelece limite para o valor despendido pelo governo no pagamento de dívidas de natureza judicial e abre espaço para R$ 106 bilhões a mais em investimentos. Parte desses recursos da bolsa brasileira seriam utilizados no financiamento de parcelas mensais de R$ 400 aos beneficiários do Auxílio Brasil.
Perspectiva da bolsa brasileira para 2022
Apesar das perspectivas serem desafiadoras, há esperança que o Ibovespa chegue aos 123 mil pontos em 2022. Em um relatório divulgado pela corretora, quatro analistas avaliam positivamente as ações brasileiras por oferecerem prêmios de risco elevados.
Empresas exportadoras, como as de commodities, têm menos exposição às turbulências da economia doméstica. Afinal, elas podem se beneficiar das melhores condições oferecidas por países estrangeiros.
Há ainda as chamadas companhias de crescimento secular, aquelas cujo desempenho está menos correlacionado com as condições macroeconômicas do Brasil. Mas os agentes do varejo, por outro lado, sofrem diretamente com os aumentos de taxa de juros e da inflação, que retiram poder de compra da população e, consequentemente, reduzem o consumo.
Indicadores Macroeconômicos
Para os especialistas, a inflação deve encerrar em 2022 em 6%, bem abaixo do atual patamar. Porém ainda acima do centro da meta. Esta redução no ritmo de aumento dos preços abriria espaço para uma retomada gradual de patamares mais baixos dos juros.
A pressão inflacionária do Brasil superior ao restante do mundo se deve, em larga medida, à crise de abastecimento dos reservatórios de usinas hidrelétricas em função da falta de chuvas.
Fator eleitoral
Economistas veem o cenário de provável polarização entre Bolsonaro e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como um fator que deve acentuar a tendência de alta volatilidade. Afinal, ambos são vistos pelo mercado como expansionistas. O governo se desviou totalmente da agenda de reformas e privatizações que havia prometido na campanha.
Como a bolsa brasileira se comporta em ano eleitoral?
Analisando o histórico de retornos dos ciclos eleitorais anteriores, é difícil definir um padrão comum. Isso porque, os períodos eleitorais, a partir de 2002, quando as políticas econômicas eram mais semelhantes às que temos hoje.
Em 2002, as ações brasileiras caíram quase -30% nos seis meses antes das eleições daquele ano, e subiram +27% durante o semestre seguinte. Porém, em 2014, em ambas janelas de seis meses, antes e depois das eleições, os retornos foram positivos.
Entretanto, na média, o índice Ibovespa teve rentabilidade negativa de -6,7% no semestre anterior, e registrou valorização de +5,9% após as eleições. No entanto, olhando para outras janelas de tempo, retornos foram positivos 12 meses e 3 meses antes das eleições, e positivas para todas as janelas pós-eleições.
Portanto, o preço das ações não segue nenhuma regra. Seja em ano eleitoral ou não, é necessário analisar a bolsa brasileira ao longo de 2022 para ver se vale a pena investir ou não.