A notícia da exoneração de Bento Albuquerque, ex-ministro de Minas e Energia, de forma repentina pode ter surpreendido muita gente, contudo, alguns fatos recentes já indicavam que a situação estava se tornando insustentável para o também almirante, que era um dos poucos ministros remanescentes do primeiro ministério formado por Jair Bolsonaro.
Com as constantes altas do combustível pressionando o ministro, a troca por Adolfo Sachsida é uma resposta do governo para a sociedade em uma tentativa de mostrar que “algo está sendo feito” para conter o aumento desenfreado, que é consequência da alta inflação que estamos vivendo e do barril do petróleo, onde o preço foi pressionado por conta da guerra entre Rússia e Ucrânia.
Contudo, ao que tudo indica, a saída de Bento Albuquerque foi, na verdade, pressionada pelo Centrão, partidos de centro que Bolsonaro buscou apoio durante seu mandato. De acordo com informações, Jair Bolsonaro estaria incomodado com o posicionamento de Albuquerque em relação ao projeto Brasduto (conhecido também como Centrãoduto), que vem sendo articulado por políticos do Centrão.
O que é o Centrãoduto?
O Centrãoduto, formalmente, Brasduto, é um projeto que visa a construção de novos gasodutos por todo território brasileiro, mas, ao que tudo indica, o projeto irá beneficiar o empresário Carlos Suarez, também conhecido como “Rei do Gás”.
Nesse sentido, os políticos do Centrão têm buscado inserir a proposta como “jabuti” dentro do Projeto de Lei 414/2021, que diz respeito sobre a modernização do setor elétrico. Desde 2015, houve ao menos dez tentativas de criar o fundo de R$100 bilhões para arcar com os custos do projeto, contudo, nenhum deles obteve êxito.
Porém, agora com o apoio do presidente Jair Bolsonaro, há a expectativa de que a proposta de criação do “Centrãoduto” seja aprovada. Bento Albuquerque era expressamente contra a negociação da construção do gasoduto com o Centrão, sendo possivelmente o principal motivo para sua exoneração.
O ex-ministro de Minas e Energia queria atrelar ao ministério a autorização para que as obras ocorressem, tendo como uma das regras gerar competitividade no mercado. Com isso, seria possível que outras empresas pudessem registrar interesse em participar do projeto. Sendo assim, com Albuquerque fora do ministério, a expectativa é que seja possível avançar com a pauta.
Novo ministro terá que equilibrar a pauta com alta do combustível
Adolfo Sachsida assume o ministério de Minas e Energia em um dos momentos mais conturbados do ministério desde o início do governo Bolsonaro. Ele terá que lidar com a “pauta bomba” do Centrãoduto e as questões relacionadas ao aumento de combustíveis, onde ele já se posicionou contra a utilização de qualquer subsídio para conter o avanço.
O novo ministro foi assessor especial de Paulo Guedes por 3 anos, sendo alinhado aos seus pensamentos e ao de Jair Bolsonaro. Inclusive, em uma primeira fala, Sachsida já apontou que irá pedir um estudo pelo Ministério da Economia para realizar a privatização da Petrobras.