Jornais do mundo todo passaram a destacar a participação de Lula na cúpula do G7, que aconteceu em Hiroshima, no Japão. A volta do Brasil para o cenário internacional não foi como costumava ser a diplomacia brasileira, afirmam especialistas. Isso porque o presidente brasileiro ganhou destaques em assuntos polêmicos.
Com a volta marcada para hoje, 21, o presidente Lula deixará a cúpula como sendo um dos principais destaques. Na bagagem, ele trará polêmicas e colocações fortes em meio aos principais líderes mundiais.
O posicionamento de Lula sobre a guerra na Ucrânia
O presidente brasileiro vem fazendo colocações controversas sobre o conflito que está acontecendo na Ucrânia. Isso porque o Brasil tem na Rússia um de seus principais aliados, algo que ficou claro, também, quando Jair Bolsonaro foi visitar Putin, ainda no início do conflito, para negociar as importações de fertilizantes para o Brasil.
Isso porque Brasil e Rússia fazem parte do bloco dos BRICS, juntamente com India, China e África do Sul. Atualmente, esses países correspondem a pouco mais de 50% do PIB mundial e já possuem uma participação maior que o próprio G7, visitado por Lula. Segundo Oliver Stuenkel, especialista no assunto, as falas do presidente brasileiro que prezam pela negociação da paz são boas, mas que são contrapostas com falas explícitas de Lula apoiando o regime russo.
No encontro do G7 não foi diferente. Lula fez posicionamentos duros em relação à geopolítica internacional. Além de criticar a forte mídia em relação à guerra na Europa, Lula destacou que outros conflitos demandam a mesma atenção. “Israelenses e palestinos, armênios e azeris, cossovares e sérvios precisam de paz. Yemenitas, sírios, líbios e sudaneses, todos merecem viver em paz. Esses conflitos deveriam receber o mesmo grau de mobilização internacional“, afirmou o presidente.
Além de criticar o conflito na Europa e defender, novamente, uma busca pela paz pelo diálogo, Lula fez duras críticas aos países do próprio G7 e não se reuniu com o presidente ucraniano.
Críticas ao G7
Além de promover a busca pela paz pelo diálogo e afirmar que outros conflitos precisam da mesma atenção que a guerra na Ucrânia, Lula fez duras críticas ao próprio G7. Ainda, o petista criticou outros órgãos multilaterais, como a ONU e seu conselho de segurança.
Em seu discurso, Lula afirmou que “não faz sentido conclamar os países emergentes a contribuir para resolver as ‘crises múltiplas’ que o mundo enfrenta sem que suas legítimas preocupações sejam atendidas, e sem que estejam adequadamente representados nos principais órgãos de governança global”. Com essa fala, o presidente brasileiro se referiu à fraca participação e ao fraco poder de decisão dos países emergentes na ONU e no Conselho de Segurança das Nações Unidas.
Por fim, Lula criticou o neoliberalismo, pregado pelos países desenvolvidos aos emergentes. “O protecionismo dos países ricos ganhou força e a Organização Mundial do Comércio permanece paralisada. Ninguém se recorda da Rodada do Desenvolvimento“, disse o presidente, acusando os países do G7 de não efetivas as políticas que pregam.
Para especialistas, as falas de Lula são fortes e podem causar atritos importantes do Brasil com outras nações. Para outros, as falas colocam o país como um importante agente internacional, ainda que sem estatura econômica para fazer frente às principais potências.