A situação econômica não está fácil e, no meio do toda a crise política e climática vivida na América Latina, a retomada econômica do Brasil será mais difícil do que nunca. Apesar do baque econômico que o mundo inteiro viveu por conta da pandemia do coronavírus, o Brasil registra um crescimento econômico de 12,4% neste trimestre, em comparação ao mesmo período de 2020, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Entretanto, isso não é motivo de comemoração ainda, pois os dados também apontam um recuo de 0,1% da atividade econômica entre abril e junho em comparação ao trimestre anterior.
Agora, enquanto o país tenta se estabilizar para garantir sua retomada econômica, o Brasil precisa enfrentar vários desafios internos e externos. O campo econômico se tornou algo difícil de prever e de gerir e, embora a recuperação seja alavancada pela alta do preço das commodities, torna nossa sociedade mais desigual e não contempla os mais pobres.
De acordo com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), do IBGE, a inflação nos últimos 12 meses ficou em 8,99%. Essa alta começou no setor de alimentos, com a o aumento da demanda por commodities e o real desvalorizado pressionando os preços para cima. “A inflação acaba tirando o poder de compra daquela renda que a família está acostumada a receber. Essas pessoas consomem menos e a atividade econômica fica mais fraca”, explica Julia Braga, economista da Universidade Federal Fluminense.
Além disso, a retomada econômica do Brasil pode ser afetada pela nossa intensa crise energética, que ameaça os brasileiros com a possibilidade de racionamento de energia. O resultado foi uma alta nos preços da conta de luz, que já vem sendo sentida há alguns meses e deve piorar já neste mês.
Outro fator importante é que essa recuperação econômica não apaga os 14,4 milhões de brasileiros desempregados, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad), do IBGE. O país ainda enfrenta uma taxa de desemprego alarmante, que já ultrapassa os 14%, e a aparente retomada econômica desconsidera essa realidade.
Como a América Latina influencia a retomada econômica do Brasil?
A inflação da América Latina está mais visível a cada ano: cada vez mais trabalho, mas o esforço tem comprado menos comida e menos serviços. Segundo a explicação do El País, a recuperação da economia mundial e as interrupções nas cadeias de abastecimento são parcialmente responsáveis, mas também existem fatores endógenos em alguns países que contribuíram: incerteza política, condições climáticas e um aumento extraordinário no consumo.
Até julho de 2021, o Brasil estava segundo lugar na tabela de inflação anual entre os países da América Latina, perdendo apenas a Argentina. A recuperação das economias avançadas levou ao aumento dos preços do petróleo, de modo que seus derivados, como a gasolina, também tiveram alta nos preços. O custo do combustível como fonte de energia tem um efeito dominó, impactando muitos outros bens de consumo e serviços, incluindo transporte.
William Jackson, economista-chefe para mercados emergentes da Capital Economics em Londres, explicou que o confinamento e o cotidiano de trabalho dentro de casa impulsionaram a demanda por bens de consumo e eletrodomésticos, adicionando à mistura um aumento na demanda por coisas cuja oferta já estava caindo. Isso os torna mais caros.
Leia também: Escolta da família de prefeito de SP mata homem durante tentativa de assalto