O número de brasileiros endividados em 2020 é o maior dos últimos 11 anos, segundo levantamento da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). A saber, a série teve início em 2010. Em suma, o percentual subiu 2,8 pontos percentuais (p.p.), de 2019 a 2020, e atingiu 66,5% das famílias. A CNC divulgou as informações nesta segunda-feira, dia 1º.
Vale ressaltar que o ano ficou marcado pela pandemia da Covid-19, que impactou todo o mundo. Aqui, no Brasil, milhares de pessoas perderam o emprego. Segundo o último levantamento da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD Contínua), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), há 14 milhões de desempregados no país. E, num ano marcado por recessão econômica em diversos países, incluindo o Brasil, o número de famílias endividadas tende a crescer.
De acordo com o presidente da CNC, José Roberto Tadros, medidas como o auxílio emergencial, bem como de estímulo ao crédito e de recomposição de renda, permitiram aos brasileiros a continuação do consumo, em algum nível. “Em conjunto com a redução dos juros ao menor patamar da história e com a inflação ao consumidor controlada em níveis baixos, estas ações forneceram às famílias condições de ampliar a contratação de dívidas e renegociar as já existentes”, afirmou o presidente da CNC. Ele lembrou que o número de famílias com dívidas chegou a 67,5% em agosto, recorde da série. Contudo, a partir de setembro, seguiu trajetória descendente, fechando o ano em 66,3%.
Cartão de crédito lidera dívidas dos brasileiros
Em síntese, a dívida com cartão de crédito alcançou 78% das famílias brasileiras. Por faixa de renda, 78,6% das famílias que recebem até dez salários mínimos estão endividadas, enquanto 76,0% daquelas que possuem renda familiar superior a 10 salários mínimos possuem dívidas no cartão de crédito. Na sequência, vieram carnês de loja (16,8%) e financiamento de veículos (10,7%).
Além disso, a quantidade de famílias com alguma dívida ou conta atrasada chegou a 25,5%, em 2020, o que representa um aumento de 1,5 p.p. Aliás, a taxa recorde da série foi atingida em agosto do ano passado, quando chegou a 26,7% das famílias. No entanto, até o final do ano, o nível seguiu recuando, e encerrou 2020 em 25,5%.
Ao mesmo tempo, a parcela das famílias que afirmaram não ter condições de pagar as contas ou dívidas em atraso subiu 1,4 p.p., de 9,6% para 11,0% entre 2019 e 2020. A máxima do indicador, mais uma vez, foi alcançada em agosto (12,1%), mas caiu nos meses seguintes, até dezembro.
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