Há seis meses o casal de brasileiros, Raiane Samira dos Santos e Daniel Mourão Almeida estão desaparecidos após tentar atravessar a fronteira do México para os Estados Unidos da América (EUA). Infelizmente o casal compõe apenas uma pequena parcela de brasileiros que tentam migrar para os EUA sem sucesso.
Para se ter uma ideia da abrangência deste cenário, na última semana, vários brasileiros foram encontrados na boleia de um caminhão de imigrantes do Equador, El Salvador, Honduras, Guatemala, México e Peru. Até o momento, 49 pessoas foram detidas na região de Sierra Blanca, no estado norte-americano do Texas.
Dados divulgados pela Alfândega e Proteção de Fronteira dos EUA (US Customs and Border Protection), apontam que o número de brasileiros que continuam tentando entrar ilegalmente em território norte-americano teve um aumento de 6,5 vezes no último ano. No período entre outubro de 2020 a setembro de 2021, foram identificados 46.410 imigrantes brasileiros deportados. No período anterior o número de deportações foi de 7.161.
A maior parte dos brasileiros em busca de realizar o sonho americano os levou para as fronteiras do Arizona (28.538) e da Califórnia (14.266), onde foram pegos. Mais da metade (34.636) viajava em família. Nota-se que também existem registros de cinco menores de idade detidos pela imigração.
Segundo o presidente do Colibrí Center for Human Rights, Jason De León, o aumento no número de deportações de brasileiros e tantos outros estrangeiros é reflexo de uma junção de fatores.
“Muitas pessoas pensaram que, depois do governo [de Donald] Trump, ficaria mais fácil cruzar a fronteira e pedir asilo, o que não aconteceu”, explicou o representante da organização que atua na busca de desaparecidos na região.
Na última semana, o governo norte-americano fez uma deportação em massa de milhares de haitianos que tentavam atravessar a fronteira para os Estados Unidos da América. Foi observado que os principais motivos da imigração estão relacionados à fuga da violência, de eventos climáticos e dos efeitos provocados pela pandemia da Covid-19.
Os relatos de deportações de haitianos foram comprovados pela agência Associated Press que nomeou a ação como a maior retirada de imigrantes da história em décadas. Desde março de 2020, o México passou a aceitar imigrantes da América Central que tentaram entrar nos EUA sem visto mas não conseguiram. Porém, o governo mexicano permite a entrar de imigrantes de apenas três países: Guatemala, Honduras e El Salvador.
Os muitos haitianos que continuam tentando entrar nos EUA permanecem em busca de alternativas, normalmente em pontos do rio que separa o México dos EUA. Os poucos que conseguem atravessar a fronteira ficam perdidos e sem saber o que fazer depois disso, por isso, simplesmente esperam a deportação do outro lado do rio, do lado tão desejado.