A pandemia da Covid-19 trouxe tantos impactos negativos para o país que elevou até o número de brasileiros que guardam dinheiro para emergências. Esse fato, por si só, já é bastante surpreendente por diversos motivos. E um levantamento da fintech Neon revela mais detalhes desta nova realidade.
A saber, em abril de 2020, 44% dos brasileiros afirmaram ter reservas financeiras para gastos ou redução de renda inesperados. O número saltou para 57% em junho deste ano, indicando que o sentimento em relação à reserva de dinheiro está cada vez mais forte entre os brasileiros.
Em primeiro lugar, é importante lembrar que o período em questão foi marcado pela pandemia, decretada em março do ano passado. Essa crise sanitária provocou a perda de milhões de postos de trabalho. Aliás, o dado mais recente divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostra que o desemprego no país segue em nível recorde.
Ao mesmo tempo, outra pesquisa divulgada nesta semana pelo Banco Central indicou que 69,4% dos brasileiros gastam tudo ou mais do que ganham. A propósito, o levantamento também mostrou que a saúde financeira da população brasileira está em 57 pontos, numa escala que varia de 0 a 100 pontos. Nesse caso, quanto mais alto o indicador, melhor a saúde financeira.
Veja mais detalhes do levantamento da Neon
Por tudo isso, o aumento do número de brasileiros que guardam dinheiro surpreende, ainda mais por estarmos vivendo um período bastante complicado. A saber, o levantamento da Neon também mostrou que 76% das pessoas que haviam guardado dinheiro em abril de 2020 possuíam renda familiar de até R$ 4.180. Contudo, em junho deste ano, esse percentual caiu para 63%.
Isso quer dizer que quem tinha renda familiar superior a R$ 4.180 respondeu por 24% dos brasileiros que guardaram dinheiro em abril do ano passado e por 37% no mês passado. Em resumo, os dados mostram que a pandemia elevou, principalmente, a reserva financeira entre os mais ricos.
De acordo com a pesquisa, 19% das pessoas que possuíam renda mensal entre R$ 522 e R$ 1.045 faziam atividades para complementar a renda em maio do ano passado. No entanto, esse percentual caiu para 12% em junho deste ano. Da mesma forma, houve queda no percentual das pessoas com renda entre R$ 1.045 e R$ 2.090 mensais que complementavam a renda, de 29% para 25% no período.
Em contrapartida, houve crescimento do número de pessoas que possuíam renda mensal entre R$ 2.090 e R$ 4.180 e realizavam atividades para complementar a renda. Nesse caso, o percentual subiu de 12% em maio de 2020 para 17% em junho deste ano.
Por fim, o estudo da Neon possui nível de confiança de 95%, com margem de erro de 4%. Aliás, o levantamento foi realizado através de questionários entre clientes da fintech. E isso aconteceu nos meses de abril, maio e setembro do ano passado e junho deste ano.
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