Eduardo Appio, juiz federal que agora é o responsável pelos trabalhos da Operação Lava Jato, da Polícia Federal (PF) em Curitiba, no Paraná, confirmou, durante entrevista ao canal “Globo News”, os rumores de que ele utilizava a senha “LUL2022” para acessar o sistema da Justiça Federal. Apesar da confirmação, o magistrado negou que seja petista ou apoie o presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva.
Durante a entrevista, ele afirmou que o caso foi isolado e representava sua contrariedade por conta da prisão de Lula que, em sua visão, foi ilegal. “A questão de alguns anos atrás, quando o presidente Lula ainda estava preso, a minha sigla de acesso ao sistema da Justiça Federal era LUL2022. Eu trabalhava com matéria previdenciária e foi um processo isolado, individual meu contra uma prisão que eu reputava ilegal”, disse ele.
Na sequência, o juiz relatou que não é apoiador do partido de Lula, mas pensa que o presidente é uma figura importante para o país com erros e acertos. “Não sou petista. Essa é uma questão individual minha, acho que Lula é uma figura histórica muito importante para o país, sem dúvida, erros e acertos vão ser julgados pela Justiça”, disse o novo comandante da Lava Jato, que culminou em Lula preso por mais de 500 dias.
Segundo o juiz, sob o seu comando, a Lava Jato terá um novo inquérito. Este, com o objetivo de apurar grampos ilegais do ex-doleiro Alberto Yousseff e outros presos. “Não posso usar a palavra escândalo nesse caso porque provavelmente serei o julgador dessas questões mais à frente, mas são fatos que merecem profunda investigação e, acima de tudo, uma reflexão sobre tudo que aconteceu, prós e contras, no Brasil nos últimos anos —especificamente na 13ª Vara de Curitiba, ironicamente chamada de ‘República de Curitiba'”, disse ele na entrevista.
Procuradoria queria juiz se declarando suspeito
No último sábado (20), o juiz negou um pedido feito por uma procuradora de Ponta Grossa, no Paraná, que queria que ele se declarasse suspeito e, desta forma, não julgasse as questões relacionadas à Lava Lato. Ao negar o pedido, o magistrado afirmou que vem sendo vítima de uma “narrativa leviana”.
Em seu parecer, conforme publicação feita pelo jornal “O Estado de S. Paulo”, o juiz disse que “os argumentos lançados pela Procuradora da República de Ponta de Grossa não apresentam fatos específicos que permitam aferir a suposta suspeição deste Julgador para análise do feito em questão”.
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