Depois de comprar briga com o Banco Central para reduzir as taxas de juros e assinar decretos que reduzem o consignado do INSS, o governo quer mais novidades. Isso porque os bastidores de Brasília afirmam que há a intenção de reduzir os juros do rotativo do cartão de crédito. Atualmente, essa é a modalidade com mais juros no país.
Segundo especialistas, uma pessoa que parcela a fatura do cartão de crédito ou deixa de pagar por alguns dias pode sofrer graves danos na conta bancária. Dados do Banco Central mostram que o rotativo pode chegar a mais de 1.000% ao ano.
Os juros abusivos do rotativo do cartão de crédito
O Governo Federal quer reduzir o percentual de juros do rotativo do cartão de crédito em todo o Brasil. Atualmente, as taxas médias ficam em torno de 400% a 500% ao ano, o que quer dizer que a dívida do brasileiro se multiplica em 5 ou 6 vezes ao longo do ano.
Na prática, uma fatura de cartão de crédito de R$ 200 pode virar uma despesa total de mais de R$ 1.000 ao longo do ano. Para especialistas, essa prática é abusiva, apesar de ser permitida por lei. Confira, abaixo, os juros anuais de alguns bancos do país. Os dados são do Banco Central
- Caixa – 265,81% ao ano
- Banco Inter – 298,25% ao ano
- Nubank – 358,79% ao ano
- Itaú Unibanco – 406,18% ao ano
- Santander – 408,21% ao ano
- Banco do Brasil – 437,23% ao ano
- Bradesco – 453,51% ao ano
- Banco C6 – 517,95% ao ano
- Bradescard – 793,50% ao ano
Além disso, essas não são as maiores taxas mapeadas pelo Banco Central. Isso porque o rotativo do cartão de crédito no banco Omni pode chegar a 1.062,06% ao ano, sendo a maior taxa do país atualmente. Isso quer dizer que o banco transforma uma dívida de R$ 200 em R$ 2.324,12 em um ano. Por conta desses valores exorbitantes, o governo quer mudar a regra.
Qual a ideia do governo?
O governo quer definir um valor máximo para o rotativo do cartão de crédito. Atualmente, as taxas mensais ficam em torno de 24% ao mês. A ideia é fixar um valor máximo de 8% ao mês, segundo estudos preliminares. Contudo, essa medida geraria o mesmo problema que o do consignado do INSS: bancos poderia parar de oferecer a modalidade.
Isso porque apenas 8 bancos no país atuam com taxas menores que 8% ao mês. Desses, apenas três estão entre os mais conhecidos do país: Banco Bari, Daycoval e XP. Isso quer dizer que os grandes bancos do país, responsáveis pela maioria desses empréstimos, ficariam insatisfeitos com a medida, caso o rotativo do cartão de crédito fosse diminuído.
Em nota, a Febraban, entidade que representa os bancos, disse que limitar os juros poderia fazer com que o parcelamento sem juros, muito comum no Brasil, acabasse. Ainda, as instituições afirmam que apenas 5% dos usuários de cartão de crédito pagam juros aos bancos, um percentual que consideram baixo.
Apesar do desejo do governo, ainda não há previsão para quem o rotativo do cartão de crédito tenha valores fixados mensalmente.