Em discurso nos Estados Unidos nesta terça-feira (07), o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse que a autonomia da instituição ajuda a separar os rumos monetários da esfera política.
Notadamente, Campos Neto tem sofrido duras críticas do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, nas últimas semanas, após o BC manter os juros altos pela quarta vez consecutiva. Importante destacar que, em discursos anteriores, Lula ressaltou que a taxa básica da economia deveria ser reduzida.
Fala de Campos Neto
Em discurso veiculado pela internet em Miami, nos Estados Unidos, Roberto Campos Neto anunciou que a autonomia da instituição, que vigora desde o ano passado, é a principal vantagem na atuação da autoridade monetária, promovendo um descompasso dos ciclos políticos.
“A principal razão no caso da autonomia do Banco Central é desconectar o ciclo da política monetária do ciclo político porque eles têm planos e interesses diferentes. E quanto mais independente você for, mais eficaz você é e menos o país pagará em termos de custo de ineficiência na política monetária”, afirmou Campos Neto.
De acordo com o presidente do Banco Central, a autonomia da instituição permite uma agenda que transcende interesses específicos do governo, como inovações como o Pix e o Open Finance (que aumenta o compartilhamento de dados entre instituições financeiras).
Críticas do presidente Lula
Falando em evento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) na segunda-feira (06), Lula criticou a taxa Selic de 13,75% e disse que o país tem uma “cultura” de juros altos que não condiz com os objetivos de desenvolvimento nacional. “É só ver a carta do Copom para a gente saber que é uma vergonha esse aumento de juros e a explicação que eles deram para a sociedade brasileira”, disse Lula na ocasião.
Além disso, para fortalecer seu argumento, Lula voltou a tocar no assunto em entrevista a outros meios de comunicação nesta terça-feira (7). “Não é possível que a gente queira que este país volta a crescer com taxa de 13,75%. Nós não temos inflação de demanda. É só isso. É isso que eu acho que esse cidadão [Campos Neto], indicado pelo Senado, tenha possibilidade de maturar, de pensar e de saber como vai cuidar deste país. Ele tem muita responsabilidade”, afirmou o presidente.
Porém, apesar das críticas, Lula não tem gerência sobre o mandato de Campos Neto. Em suma, desde que a autoridade monetária se tornou independente em 2021, ela está livre de pressões políticas partidárias, aumentando assim a transparência na implementação da política monetária.