O jornal americano New York Times publicou um artigo, na noite de segunda-feira (13), dizendo que o presidente da República, Jair Bolsonaro (PT), tem o apoio de militares para tentar realizar um golpe de Estado. Isso, caso o atual chefe do Executivo seja derrotado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições deste ano.
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O material faz parte da coluna do jornalista Jack Nicas. Segundo o americano, para conseguir a informação, ele consultou militares, políticos e também integrantes do Poder Judiciário brasileiro. “Apesar das poucas evidências de fraudes passadas, o presidente há muito tempo levanta dúvidas sobre o processo eleitoral do Brasil. Agora, os militares estão expressando preocupações semelhantes”, pontuou o colunista.
O artigo, destaque na página principal do site do New York Times, foi publicado depois de o ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, assim como publicou o Brasil123, ter enviado um ofício ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). No documento, ele disse que as Forças Armadas “não se sentem devidamente prestigiadas” pela Corte Eleitoral.
No artigo, o jornalista do New York Times ressaltou que as declarações feitas pelo presidente, que coloca em dúvida a lisura do processo eleitoral brasileiro, e ecoada por alguns líderes militares do alto escalão, tem desencadeado um clima de tensão no país.
Ainda no texto, Jack Nicas compara Bolsonaro a Donald Trump, ex-presidente dos Estados Unidos que, apesar de não ter apresentado provas, assim como o presidente brasileiro, afirmou que as eleições americanas foram fraudadas em 2020 e, por isso, ele perdeu a disputa.
“As táticas de Bolsonaro parecem ter sido adotadas do manual do ex-presidente Donald Trump. Trump e seus aliados trabalharam para apoiar as alegações de fraude de Bolsonaro. Os dois homens refletem um retrocesso democrático mais amplo que se desdobra em todo o mundo”, diz o texto do New York Times.
Para o jornalista dos Estados Unidos, a invasão ao Capitólio, prédio do Legislativo norte-americano, no ano passado, mostrou que as transferências pacíficas de poder não são mais garantidas nem mesmo em democracias maduras, o que demonstra ainda mais o perigo do pleito no Brasil, que é um país com uma democracia recente.
“No Brasil, onde as instituições democráticas são muito mais jovens, o envolvimento dos militares na eleição está aumentando os temores”, afirmou o colunista no texto, finalizando que, “faltando pouco mais de quatro meses para uma das votações mais importantes da América Latina em anos, um confronto de alto risco está se formando”.
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