Ucrânia e Rússia não conseguiram chegar a um cessar-fogo nas negociações que terminaram em Istambul nesta terça-feira (29/03), com Moscou dizendo que reduziria as operações militares em áreas onde suas forças foram repelidas, enquanto Kiev pediu aos membros da UE e da Otan que forneçam segurança.
Tentativa de negociação
Um negociador ucraniano disse que seu país está buscando garantias sobre o território excluindo áreas controladas pela Rússia e que Kiev está aberta a discutir o status da Crimeia ocupada, que Moscou anexou em 2014.
Desse modo, a Rússia diz que um encontro entre o presidente Vladimir Putin e o presidente ucraniano Vladimir Zelensky é possível. A delegação russa deixou Istambul, porém uma data ou hora para possíveis conversas futuras não foram definidas, segundo pessoas próximas à delegação de Moscou.
Zelensky busca segurança
As conversas estavam ocorrendo com o presidente turco Recep Tayyip Erdogan. Erdogan pediu às delegações para “acabar com esta tragédia”, dizendo que tanto a Rússia quanto a Ucrânia têm “preocupações legítimas”.
A primeira rodada de conversas cara a cara entre a Rússia e a Ucrânia em mais de três semanas não conseguiu chegar a um cessar-fogo, mas ofereceu um caminho potencial para Putin e Zelensky se encontrarem para resolver a guerra.
Além disso, os negociadores ucranianos dizem que estão buscando segurança para áreas fora da Crimeia controlada pela Rússia e território controlado pelos separatistas.
Resposta da Rússia
A Rússia respondeu dizendo estar restringindo a atividade militar perto das cidades de Kiev e Chernihiv, e autoridades ucranianas disseram que estavam lutando contra as forças russas.
O negociador-chefe da Rússia, Vladimir Medinsky, afirmou que a Ucrânia apresentou uma posição clara, sendo imediatamente encaminhada a Putin para uma resposta. Antes das negociações, o presidente Vladimir Zelensky disse que seu país estava pronto para declarar neutralidade.
Além disso, Zelensky disse estar aberto a concessões no Donbass, onde rebeldes apoiados por Moscou travam uma guerra de secessão na região de língua russa há oito anos.
O ministro da Defesa da Rússia, Sergei Shoigu, disse que “libertar” a região de Donbass, no leste da Ucrânia, é o principal objetivo da operação militar de Moscou, destacando uma possível mudança de estratégia anunciada na semana passada por outro oficial militar russo.
“Houve uma significativa redução no potencial de combate das forças armadas ucranianas, o que permite concentrar as principais atenções e os principais esforços na consecução do objetivo principal, a libertação de Donbass”, afirmou Sergei.
Ucrânia faz concessões
A Ucrânia anunciou que retomará as evacuações de várias áreas controladas pela Rússia na parte sul do país na terça-feira, um dia depois que autoridades ucranianas as suspenderam, dizendo temer “provocações” russas ao longo dos corredores humanitários.
Putin exigiu a “desmilitarização e desnazificação da Ucrânia” e exigiu neutralidade, reconhecendo que o Donbass e a Crimeia não fazem mais parte da Ucrânia.
Em suma, faz mais de um mês que os tanques do presidente russo Vladimir Putin entraram na Ucrânia na esperança de enfraquecer ou derrubar o governo democrático de Kiev.