Até a presente data, o cenário político de 2022 vem se mostrando previsível, com os dois principais candidatos (Lula e Bolsonaro) despontando na preferência do eleitorado e com larga margem de vantagem frente aos seus concorrentes. Ocorre que para além da análise dos números das pesquisas, muitas outras informações passam longe do centro das discussões, principalmente quando é notório que Lula e Bolsonaro tem adotado estratégias semelhantes nesse início de campanha.
Apesar de liderarem as intenções de voto, o candidato do PL (Jair Bolsonaro) e o candidato do PT (Lula) também lideram os índices de rejeição, ficando nítido que a sobrevivência dessas candidaturas depende substancialmente da candidatura adversária, ou seja, a falta de um projeto claro que defina os rumos do país para o futuro, permite que os dois candidatos concentrem suas forças em atacar os erros do adversário. Criando um cenário político demasiadamente antagônico muito parecido com o da república velha.
Sem um único projeto claro de desenvolvimento para o país, Bolsonaro e Lula se agarram as velhas práticas, ambos firmaram parcerias com conhecidas “raposas” do cenário político nacional, com destaque para Valdemar Costa Neto, Ciro Nogueira e Roberto Jeferson pelo lado de Bolsonaro. Renan Calheiros, Eunício Oliveira e Gedel Vieira Lima pelo lado de Lula. Ambos os nomes envolvidos em escândalos de corrupção e ocupando por décadas cargos importantes na administração pública do país.
Não bastasse as parcerias indigestas, ambas as candidaturas não demonstram nenhum esforço em romper com o modus operandi que há pelos menos três décadas comanda o modelo de governança em nosso país. Desde o processo de redemocratização do Brasil e com a implantação da cartilha neoliberal, os inúmeros gestores que ocuparam a cadeira de presidente da república não conseguiram se desvencilhar das armadilhas estabelecidas pelo monopólio do capital financeiro, muito mais por fisiologismo ao modelo implantado, do que pela defesa de ideias próprias capazes de substituir esse perfil ideológico que toma conta do Brasil.
Outras situações também permitem compreender que para Lula e Bolsonaro não é interessante que uma outra candidatura cresça, qualquer outro candidato teria menos rejeição do que as duas de maior destaque até então e poderia apresentar condições reais de derrotar ambos no segundo turno. Dessa forma, fugir de debates e sabatinas promovidos por órgãos de imprensa, não comparecer a reuniões promovidas por organizações do setor produtivo, sempre terceirizar a culpa pelos problemas que o país atravessa, formam o tronco das duas principais campanhas eleitorais até o momento.
Trata-se de um mecanismo tosco, o medo de ver suas rejeições aumentarem leva um ex-presidente e o atual a estimularem a mediocridade, ou seja, é evidente que para um grande número de eleitores votar em um dos dois candidatos representa a negação absoluta do outro, independente da candidatura escolhida também apresentar inúmeros pontos de contradição. Bolsonaro se elegeu defendo um discurso “antissistema”, colocando-se contrário a qualquer parceria com o “centrão”. No entanto, tem feito rigorosamente o oposto até aqui. Já Lula enfiou goela abaixo a presença de Geraldo Alckmin em sua chapa como vice-presidente, o mesmo que em 2016 apoio o processo de impeachment de Dilma Rousseff, ao qual Lula e o PT chamam de golpe, além disso, Lula foi chamado de criminoso por Alckmin, que devolveu acusando o ex-tucano de ser ladrão de merenda escolar.
Para o “mercado financeiro” esse é o cenário perfeito, pois é a garantia de tudo continuar como está, sem nenhuma possibilidade de mudança substancial nos rumos do país. Rumo esse que tem levado ao aumento do subemprego com hipertrofia do setor terciário, acelerado processo de desindustrialização e escalada da violência, ao passo que aprofunda a concentração de renda e mantém o capital especulativo como o grande “SENHOR” a se servir desse país, impedindo que a maior parte da população compreenda que essa divisão política nos imposta, não para romper com o que está errado, mas para garantir que esse erro se perpetue.
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Indicação: 2 candidatos, 1 caminho e 0 projeto!!!
Política sórdida e nojenta! Você foi assertivo nas suas colocações, dois candidatos sem escrúpulos e sem plano de governo.
O pior é o povo que não tem senso crítico!!
Realmente professor, meus familiares ficam divididos entre os dois. O povo acaba votando nesses candidatos por não quererem que o outro assuma o cargo da presidência, não levando em conta suas propostas.