Desde a realização da primeira eleição para presidente do Brasil após o processo de redemocratização em 1989, o eleitorado brasileiro tem se tornado cada vez mais passional na escolha de seus representantes. A racionalidade e a análise séria das propostas têm dado lugar ao exacerbamento das emoções, que por sua vez cria figuras folclóricas, sendo na maioria das vezes ou despreparada ou subserviente a interesses não condizentes com as reais necessidades do país.
Eleição após eleição, a classe política brasileira vem traçando um diagnóstico cada vez mais preciso do perfil do eleitor em nosso país, no qual pode ser identificado alguns elementos como: A baixa noção do que venha a ser nacionalismo, comparações infundadas com relação ao modelo político e de gestão de outros países, total desconhecimento sobre o papel do Brasil no mundo e as interferências estrangeiras que substancialmente sofremos.
Não bastasse traçar um perfil do eleitor brasileiro, a classe política tem usado estrategicamente essas informações de acordo com seus próprios interesses, não à toa, hoje a maior parte dos partidos políticos gasta mais tempo e dinheiro com o marketing do que na elaboração de um projeto de desenvolvimento para o país. Essa prática reforça a ideia de que o eleitor tem centrado suas escolhas na figura do candidato, ao invés de optar pelo projeto que ele representa.
Se no passado era mais comum o eleitor vender o voto por uma cesta básica, material de construção, ajuda com medicamentos, entre outros, hoje são as pautas identitárias que acabam ditando as regras do jogo e seduzindo o eleitorado. Temas caros, transversais e importantes para o país, como racismo, violência contra mulher, direitos humanos e até mesmo metodologias de ensino, tem sido usado indiscriminadamente, não para dar voz as minorias, mas para servir de pano de fundo e ocultar temas tão importantes quanto a soberania do Brasil, defesa da indústria nacional, reforma política e tributária, e geração de empregos por exemplo.
No entanto, a classe política não atua sozinha, a mídia, alguns empresários, representantes do grande capital especulativo nacional e internacional e também algumas instituições religiosas acabam agindo em rede, cercando o eleitor brasileiro com discursos vazios, criando uma divisão política infrutífera, e que vem dando sustentação a esse sistema. Por outro lado, o número de votos brancos e nulos tem crescido eleição após eleição, indicando que se para uma parte do eleitorado permanecer na “bolha” ainda é uma alternativa, para outros, a indignação frente a esse mesmo modelo é expressada através do boicote as eleições.
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Professor Jorman Santos:
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Texto brilhante, entretanto preciso discordar do título, uma vez que, injustamente, coloca Ciro Gomes, o único candidato que possui um verdadeiro Projeto Nacional de Desenvolvimento para o país, no mesmo bolo dos demais.