Moradores de Tel Aviv, capital de Israel, foram às ruas protestar contra medidas consideradas autoritárias de seu presidente, Benjamin Netanyahu. Na noite de ontem, 26, cerca de 10% da população do país foi às ruas protestar contra reformas no poder judiciário que, na prática, concentraria ainda mais o poder nas mãos do primeiro-ministro.
Por conta da alta adesão aos protestos, Netanyahu decidiu adiar a votação do texto que acabaria com alguns poderes da Suprema Corte do país. No mundo todo, líderes se posicionaram em defesa da manutenção da democracia em Israel.
Reforma no judiciário
O presidente de Israel, Benjamin Netanyahu, propôs uma reforma que, na prática, acabaria com alguns dos poderes da Suprema Corte do país. Além disso, haveria uma maior interferência do primeiro-ministro nas nomeações ao tribunal. Atualmente, Netanyahu é investigado por corrupção em esquemas onde receberia presentes de empresários em trocas de favores oficiais.
Em relação à reforma do judiciário em Israel, Netanyahu propôs a votação de um texto onde o primeiro-ministro teria mais poder para nomear os integrantes dos tribunais do país. Além disso, segundo o texto, o Legislativo do país, o Knesset, poderia derrubar toda e qualquer decisão do tribunal.
Alguns partidos apoiaram o texto. Entre eles, os partidos de extrema-direita, incluindo o Likud, partido ao qual Benjamin Netanyahu é filiado. Contudo, o primeiro-ministro encontrou uma oposição forte, que o acusa de querer comandar a Suprema Corte por conta de seus processos de corrupção.
Insatisfeitos com o projeto, milhares de israelenses foram às ruas protestar na noite de ontem, 26. Apesar disso, as manifestações contra a reforma do judiciário em Israel já se espalham há 12 semanas. Contudo, nas últimas semanas o protesto tomou uma forma mais drástica, que pode levar à convulsão social no país.
Israel parou para protestar
Após o anúncio e a articulação de Benjamin Netanyahu, diversos setores de Israel paralisaram suas atividades para protestar contra o projeto. Na prática, a população não deseja que o primeiro-ministro tenha influência sobre o judiciário, mantendo a tradição de independência entre os três poderes, seguida por diversos países do mundo, incluindo Brasil e Estados Unidos.
Em Israel, portos e aeroportos paralisaram suas atividades, inviabilizando o trabalho de muita gente. Além disso, reservistas das forças armadas se recusaram a voltar aos trabalhados. Para especialistas, esse foi um dos maiores choques ao governo, já que Israel depende de suas forças militares para manter a segurança do país, principalmente por conta de conflitos contra militares da região da Palestina.
Opositores também destacam que diversos políticos ligados a Netanyahu possuem pendências judiciais. Dessa forma, o projeto seria uma manobra para tentar escapar da justiça israelense. Por conta dos protestos, a leitura do projeto foi adiada. “Com a vontade de evitar a divisão na nação, decidi adiar a segunda e a terceira leitura para chegar a um amplo consenso”, disse Netanyahu em discurso televisionado.