A Polícia Civil revelou nesta quinta-feira (28) que a morte de Miguel Inácio Santos Filho, de 49 anos, espancado até ir a óbito em junho deste ano em Grande Jacaraípe, no Espírito Santo, aconteceu por conta de uma mentira contada por uma mulher, que afirmou ter sido estuprada pela vítima.
Segundo a corporação, por conta da mentira que acarretou na morte do homem, duas mulheres foram presas: Bruna Hoffman, de 26 anos, e Lucineia Pereira da Silva, de 50, filha e mãe. Apesar de reveladas nesta quinta, durante uma coletiva de imprensa, as prisões das mulheres ocorreram no dia 22 de setembro, na Grande Jacaraípe.
Durante a divulgação das informações, Daniel Fortes, delegado responsável pela investigação, revelou como tudo aconteceu. De acordo com ele, Miguel teria agendado um programa com Bruna Hoffman, mas, depois de eles terem combinado um valor, houve um desacordo entre as partes.
Ainda conforme o delegado, a polícia constatou que o homem pagou um valor maior do que o combinado depois do serviço. Todavia, um tempo depois que o programa foi realizado, ele voltou até o local para tirar satisfações com a mulher e, na ocasião, arremessou uma pedra na janela.
No entanto, quem estava no local era a mãe de Bruna, que quando chegou ao local, pegou um pedaço de madeira e foi ao encontro do homem, que passou a correr para fugir das iminentes agressões. Segundo o delegado, neste momento, ela notou que não conseguiria alcançar o homem e, por isso, passou a gritar que havia sido abusada por ele.
“Ele corre para fugir da Bruna e da mãe que estava com ela. Ela resolve gritar que ele era estuprador e teria mexido com duas crianças na região”, relatou o delegado, que explicou que, depois da fala da mulher, moradores da região ficaram revoltados e passaram a agredir o homem.
“Inflamados com o que ouviram, moradores seguraram a vítima e a espancaram até a morte, juntamente com Bruna e Lucinéia. A mãe usou uma enxada e a Bruna um pedaço de madeira. Outras pessoas deram pedradas em Miguel”, relatou o delegado.
Miguel era inocente
Segundo Daniel Fortes, as investigações mostraram que a vítima era uma pessoa trabalhadora e inocente. “A Bruna deixa bem claro em depoimento que só fez isso para que a população segurasse a vítima que ela não alcançaria. É mais um inocente que é morto por uma notícia falsa”, disse ele, que ressalta que a população não pode fazer justiça com as próprias mãos.
“Isso [justiça] fica a cargo do Estado por intermédio das polícias. Não se deixem levar pelo que é falado para fazer justiça”, alertou o delegado, que voltou a ressaltar que a vítima não era estuprador, sendo tudo “um desacordo comercial” com Bruna. “Esse desacordo levou a essa fala criminosa dela”, disse.
Por fim, Daniel Fortes relatou que tanto mãe quanto filha foram denunciadas pelo Ministério Público pela morte de Miguel e já são rés no processo. Agora, a investigação continua com o intuito de identificar as outras pessoas que participaram do linchamento.
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