A Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão do Ministério Público Federal (MPF) de São Paulo recomendou nesta sexta-feira (29) que o WhatsApp adie o lançamento do recurso “Comunidades” no Brasil. Na sugestão, o órgão declarou que o melhor é ativar a ferramenta somente no próximo ano, depois das eleições.
No documento em que recomenda o adiamento, o MPF afirma que a ativação do recurso agora pode dificultar o combate à disseminação de notícias falsas, as famosas fake news, por meio do aplicativo de mensagens em questão.
O recurso “Comunidades”, que já está funcionando em alguns países, permite que sejam criados “megagrupos”, com milhares de pessoas. Hoje, o WhatsApp permite a criação de grupos com até 256 pessoas. Nesta nova atualização, os administradores poderão criar e gerenciar as Comunidades do WhatsApp, escolhendo quais grupos farão parte delas, criando grupos ou adicionando grupos existentes.
Além disso, a nova funcionalidade da plataforma, segundo a própria empresa, dará aos administradores dos grupos o poder de apagar mensagens ou arquivos de mídia abusivos ou inadequados para todos os membros do grupo, algo que, atualmente, não é permitido.
Segundo o MPF, dentre os motivos de preocupação do órgão, está o fato de que os usuários com as funções administrativas estarão liberados para “mandar mensagens para todos os milhares de integrantes dos grupos que elas congregarem, de uma só vez”. Na visão do Ministério Público Federal, esse recurso poderá aumentar a capacidade de as pessoas “viralizarem conteúdos por meio do aplicativo”.
Em abril, assim como publicou o Brasil123, o WhatsApp, após ter fechado um acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), prometeu que iria segurar a liberação do recurso ao menos até o segundo turno das eleições, marcadas para outubro. Na visão do MPF, esse prazo é insuficiente para diminuir os riscos que um “aumento de desinformação pode gerar para as instituições e para a população do país nos últimos dois meses do ano”.
Agora, o WhatsAPP terá 20 dias para informar se vai acatar a sugestão. Caso a resposta seja negativa, o MPF poderá recorrer à Justiça. Em nota, a empresa afirmou que “o WhatsApp seguirá avaliando de maneira cuidadosa e criteriosa o melhor momento para o lançamento dessa funcionalidade e apresentará sua resposta dentro do prazo estabelecido pela autoridade”.
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