O vice-presidente Hamilton Mourão (Republicanos) voltou a comentar sobre a ditadura militar. Nesta terça-feira (19), o político afirmou que o golpe militar foi, na realidade, a “revolução democrática de 1964”. A declaração do vice-chefe do Executivo foi dada no Twitter, onde ele celebrou o Dia do Exército.
“O Exército, com uma história de vitórias, desde Guararapes, quando índios, brancos e negros combateram os holandeses, passando pela Guerra do Paraguai, 2ª GM [Guerra Mundial] e pela Revolução Democrática de 1964 até os dias atuais, preserva a soberania e contribui com o Brasil. Parabéns ao EB [Exército Brasileiro]!”, escreveu o vice, que também é general da reserva.
Conforme historiadores, a ditadura militar no Brasil começou em 1964 e se estendeu até 1985. Nesse período, ainda segundo especialistas e relatos de vítimas da época, houve perseguição, tortura e assassinatos de opositores do regime.
Durante todo esse tempo, o Congresso Nacional foi fechado, a imprensa e artistas foram censurados e os brasileiros ficaram mais de 20 anos sem poder votar para presidente da República, por exemplo.
Tema ditadura em foco
Nos últimos dias, o tema ditadura militar tem tomado os noticiários. Isso porque, no domingo (17), a jornalista Miriam Leitão, do jornal “O Globo”, publicou áudios de sessões do Superior Tribunal Militar (STM) no período de 1975 a 1985.
Nas gravações, que contam com mais de dez mil horas de duração, é possível ouvir relatos de ministros citando episódios de tortura cometida por militares contra opositores do regime. Na segunda (18), inclusive, Mourão foi questionado sobre o tema.
Rindo, ele rechaçou a possibilidade de que investigações fossem instauradas para apurar as sessões de tortura. “Apurar o quê? Os caras já morreram tudo, pô. [risos]. Vai trazer os caras do túmulo de volta?”, questionou Mourão, que é general do Exército.
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