A quarta-feira (01) foi marcada pela presença de Ivanildo Gonçalves, motoboy da VTCLog, empresa de logística alvo da CPI da Covid-19 por suspeitas de irregularidades envolvendo o Ministério da Saúde. Durante a sessão, senadores que compõem a comissão aprovaram a quebra dos sigilos telefônico, telemático, bancário e fiscal do depoente.
Essas quebras aconteceram porque o motoboy se negou a fornecer seu celular à CPI. A polêmica sobre o aparelho começou logo no início do depoimento, quando senadores pediram o aparelho de Ivanildo “emprestado” para que os investigadores extraíssem informações consideradas relevantes pela comissão.
Como a defesa do motoboy o orientou a negar o pedido, os senadores apresentaram os pedidos, que também incluem, além das decisões já citadas, uma solicitação para que a Justiça determine a busca e apreensão no aparelho telefônico do motoboy.
“Diante da negativa do senhor Ivanildo e da alta probabilidade de haver dados relevantes em seu celular, a exemplo de conversas em Whatsapp, localizações geográficas e telefonemas, a busca e apreensão do aparelho fornecerá informações essenciais para desvelar os exatos termos da atuação da VTCLog no contexto mencionado”, disse o senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE), que foi quem fez o requerimento para as ações.
Motoboy é testemunha chave
De acordo com os senadores da CPI da Covid-19, Ivanildo é tido como uma peça-chave nas investigações da comissão depois que o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) identificou uma movimentação atípica no valor de R$ 117 milhões feita pela VTCLog nos últimos dois anos.
Conforme a CPI da Covid-19, deste montante total, 5% do valor, ou seja, R$ 4,7 milhões, foram movimentados pelo motoboy, que disse no depoimento desta quarta (01) que usava o dinheiro para pagar cartões de crédito de proprietários da empresa e também boletos de combustível.
Pagamentos para Roberto Dias
Para os senadores da comissão, alguns desses boletos pagos por Ivanildo podem pertencer ao ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde, Roberto Ferreira Dias, suspeito de ter pedido propina para a aquisição de vacinas contra a Covid-19 enquanto exercia seu cargo na pasta.
Durante o depoimento, o motoboy disse que esteve no quarto andar do Ministério da Saúde neste ano para levar um pen drive. Em seguida, após ele ter dito que não se lembrava o dia do fato e nem a quem entregou o objeto, o vice-presidente da comissão, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), pediu uma informação.
Aos secretários da CPI da Covid-19, ele pediu que fosse apurado o que funcionava no quarto andar no Ministério da Saúde. Instantes depois o senador revelou que, no andar em questão, funcionava o Departamento de Logística da pasta, ou seja, local onde Roberto Dias trabalhava.
Para os senadores, as provas coletadas até aqui são claras no sentido que de o ex-membro do Ministério da Saúde esteve em esquemas fraudulentos durante a pandemia da Covid-19, enquanto esteve na pasta, e as informações coletadas a partir dos dados do motoboy podem contribuir para que as acusações sejam provadas.
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