Durou pouco o “esquecimento” do tema urnas eletrônicas por parte do presidente da república, Jair Bolsonaro (PL). Na última quinta-feira (10), durante sua live semanal, o presidente voltou a comentar sobre o tema.
Segundo Bolsonaro, que prometeu no ano passado que não atacaria mais o sistema de votação brasileiro, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) estaria evitando responder questões enviadas pelo Exército que apontariam “vulnerabilidades” nas urnas.
Nesta segunda-feira (14), ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), de acordo com o jornalista Valdo Cruz, da “Globo News”, afirmaram que, de maneira “lamentável”, informações que eram reservadas foram repassadas para o chefe do Executivo.
Segundo esses ministros, as informações foram enviadas ao presidente para que ele faça o “uso político” delas contra as urnas eletrônicas, o que mostra, ainda conforme os membros do STF, que Bolsonaro não recuou de sua estratégia: atacar o sistema de votação, mesmo sem fundamentos, tampouco provas.
Questões não apontam vulnerabilidade
De acordo com Luís Roberto Barroso, presidente do TSE, diferentemente do que disse Bolsonaro em sua live semanal, os questionamentos do Exército são técnicos e nada relacionados a eventuais “vulnerabilidades” do sistema.
Ainda de acordo com ele, essas respostas, que deverão ser encaminhadas nos próximos dias, ainda não foram enviadas porque elas chegaram no final de dezembro ao TSE, pouco antes do recesso do Judiciário.
Fala de Bolsonaro altera o trâmite
Segundo Barroso, as respostas às perguntas formuladas serão encaminhadas para a Comissão de Transparência Eleitoral, que tem um representante do Exército.
Inicialmente, todas as informações discutidas e analisadas na comissão ficariam sob reserva, isto é, não seriam divulgadas. No entanto, o entendimento foi quebrado após a declaração de Bolsonaro.
Para os ministros do STF, a fala do presidente só serviu para espalhar a falsa tese da “vulnerabilidade” do sistema, mesmo que o questionamento sequer citasse a palavra “vulnerabilidade”.
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