Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou que as informações que constam no inquérito sobre o vazamento de dados sigilosos feitos pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) sejam compartilhadas com os responsáveis pela investigação sobre a atuação de uma milícia digital contra a democracia e as instituições.
Ministro do STF ficou em silêncio durante encontro com Bolsonaro
Essa decisão de Alexandre de Moraes, revelada nesta quarta-feira (09), atendeu um pedido feito pala delegada Denise Ribeiro, da Polícia Federal (PF). Segundo o ministro, o pedido da agente pública é pertinente, pois existem semelhanças entre o modelo de atuação dos grupos investigados em cada inquérito.
“Verifico a pertinência do requerimento da autoridade policial, notadamente em razão da identidade de agentes investigados nestes autos e da semelhança do modus operandi das condutas aqui analisadas com as apuradas nos Inquéritos 4.874/DF e 4.888/DF, ambos de minha relatoria”, escreveu Alexandre de Moraes.
Assim como publicou o Brasil123, no inquérito que investigou Bolsonaro sobre o vazamento de dados sigilosos de um inquérito da Polícia Federal sobre um ataque ao sistema do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a PF concluiu que o presidente cometeu crime.
Na ocasião, além de publicar a íntegra do relatório que sequer havia terminado, Bolsonaro, segundo a PF, distorceu dados da investigação durante uma transmissão ao vivo. Agora, os dados da investigação serão compartilhados com a equipe que atua nas diligências sobre a atuação de uma milícia digital responsável por desestabilizar e deslegitimar a democracia e as instituições brasileiras.
PF vê conduta similar
O pedido da PF acontece porque a entidade afirma ter indícios de que envolvidos na milícia digital usam o mesmo modo de agir das pessoas em torno do presidente para divulgar informações falsas.
Além disso, os dados sobre a divulgação do inquérito do ataque ao TSE também serão compartilhados aos responsáveis por investigar uma publicação do presidente, que outubro no ano passado, disse que relatórios oficiais do Reino Unido teriam sugerido que pessoas totalmente vacinadas contra a Covid-19 estariam desenvolvendo Aids “muito mais rápido que o previsto”.
A falsa associação foi desmentida por especialistas e por inúmeras plataformas de checagem nas horas seguintes. O tema ganhou tanta repercussão que o Facebook, YouTube e o Instagram decidiram retirar o vídeo das declarações do chefe do Executivo. Na ocasião, o presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antônio Barra Torres, reafirmou que as vacinas usadas no Brasil são seguras e que nenhuma delas aumenta a “propensão de ter outras doenças”.
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