João Roma, ministro da Cidadania, criticou nesta segunda-feira (25) a saída, na semana passada, de membros do alto escalão do Ministério da Economia, que deixaram suas cadeiras depois que o governo anunciou o furo no teto de gastos para que seja possível a concessão do Auxílio Brasil, programa que vai substituir o Bolsa Família e será pago pelo menos até dezembro de 2022.
Durante entrevista ao canal “Globo News”, ele afirmou que a reação dos assessores de Paulo Guedes, ministro da Economia, foi “muito estranha”. De acordo com ele, a ala política não enfiou “goela abaixo” da área econômica a ideia de mudar o teto de gastos para viabilizar o Auxílio Brasil no valor de R$ 400.
“Muito estranha a reação da equipe econômica, uma vez que eles validaram o texto da PEC. Não era surpresa para eles, estamos há seis meses tratando disso todos os dias. Muito estranha essa narrativa do Ministério da Economia, que culminou com a debandada dos secretários”, afirmou o ministro.
“Novo” teto de gastos
Não foi somente os membros da Economia que viram com maus olhos a licença para furar o teto de gastos. Isso porque, logo após o anúncio, o mercado reagiu negativamente, a bolsa caiu e o dólar voltou a bater R$ 5,60, o maior valor desde maio.
De acordo com especialistas, o “desespero” do mercado cresce nessas situações, ainda mais levando em consideração a atual conjuntura da economia brasileira, que enfrenta um problema estrutural em suas contas públicas e vê o teto de gastos, prestes a ser rompido, como uma “âncora fiscal do país”.
Novo benefício
A luta do governo para emplacar o Auxílio Brasil é uma tentativa de retomar a popularidade do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) que, há um ano das eleições, tem perdido terreno para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que tem “nadado de braçada” nas pesquisas eleitorais.
Com isso, na tentativa de fazer viável o benefício, a comissão especial na Câmara dos Deputados aprovou, na semana passada, uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que visa abrir ‘espaço fiscal’ de mais de R$ 80 bilhões para governo bancar o Auxílio Brasil.
De acordo com técnicos do Congresso, a proposta, que agora precisa passar pelo plenário, é “casuística”, isto é, pensada apenas para resolver o próximo ano.
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