Enquanto o país se prepara para realizar sua eleição mais importante em décadas no próximo domingo (30), a região sudeste, mais precisamente Minas Gerais, se tornou o marco zero para a briga entre o atual presidente de extrema-direita Jair Bolsonaro e seu adversário de esquerda, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Importância do sudeste
Ficou evidente com os resultados do primeiro da eleição que Lula venceu por 6 milhões de votos, graças ao triunfo na região Nordeste, enquanto os votos em Bolsonaro prevaleceram no Centro-Oeste, Sul e Sudeste, principalmente nos estados do Rio de Janeiro e São Paulo. Importante destacar que, segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) nas eleições de 2020, o Sudeste é o maior colégio eleitoral do país, com mais de 66,7 milhões de eleitores aptos a votar, ou seja, representando 43% do total do país.
As últimas pesquisas de intenção de voto no Sudeste, onde os candidatos concentraram seus esforços durante o segundo turno, Bolsonaro aparece com 49% das intenções de voto e Lula com 44%. Contudo, de acordo com a empresa de pesquisas Quaest, há apenas um lugar onde ainda não se sabe quem vai ganhar, o estado de Minas Gerais, cuja diversidade demográfica garantiu que o resultado da primeira rodada espelhasse quase perfeitamente o resultado nacional.
Para se ter uma noção do quanto o estado de Minas ficou dividido, Lula superou Bolsonaro por 48,29% a 43,6%, enquanto em todo o país a contagem foi de 48,43% a 43,2%.
Minas Gerais como chave
Minas Gerais se mostra importante para o futuro do país, com seus 16 milhões de eleitores. Além disso, Belo Horizonte, a capital do estado de Minas Gerais, é o segundo estado mais populoso e o quarto mais populoso do Brasil. Vale lembrar que essa influência na política nacional não é nova. Antes da revolução de 1930, o estado alternava com São Paulo para nomear o presidente do país em uma política chamada “Café com Leite”, que levou o gaúcho Getúlio Vargas ao poder.
Como resultado, nenhum presidente chegou ao poder sem uma vitória em Minas Gerais desde Getúlio Vargas em 1950, e observadores esperam o mesmo este ano. Assim, tendo Minas como o retrato das eleições em nível nacional, tudo indica que o candidato que vencer no estado terá boas chances de vencer no Brasil no segundo turno das eleições, marcado para o dia 30 de outubro.
Em suma, o futuro da democracia está nas “mãos” do estado de Minas Gerais, que pode eleger Lula, com quase 77 anos, como presidente, que apesar de sua perseguição por denúncias de corrupção é visto como o “representante do povo” ou Bolsonaro, de 67 anos, que encarna o populismo que acelerou a polarização da política brasileira.