O ex-ministro da Educação, Milton Ribeiro, já “estava sabendo” que seria alvo da operação da Polícia Federal (PF), deflagrada na última quarta-feira (22). A afirmação foi feita pela esposa do ex-chefe da pasta, Myrian Ribeiro.
“Ele não queria acreditar, mas ele estava sabendo”, afirmou a mulher ao comentar a prisão do marido. De acordo com ela, essa ciência aconteceu devido a informações vindas do alto escalão;
“Para ter rumores do alto é porque o negócio já estava certo”, afirmou ela em uma ligação telefônica interceptada pela Polícia Federal com autorização da Justiça. Na conversa, Myrian estava falando com um homem identificado apenas como “Edu”.
Outra conversava interceptada pela Polícia Federal teve como personagens Milton Ribeiro e uma de suas filhas. Na ocasião, ele disse que a pessoa do alto escalação que havia passado a informação de que uma operação poderia acontecer em breve era o presidente da República, Jair Bolsonaro (PL).
Segundo o ex-ministro, Bolsonaro ligou e disse a ele que estava com um “pressentimento” de que pudessem atingi-lo por meio do ex-ministro. “Ele acha que vão fazer uma busca e apreensão em casa, sabe? Bom, isso pode acontecer, se houver indícios, mas não há porquê”.
Investigação sobre Bolsonaro no STF
Por conta do suposto vazamento de informações, na sexta, Ministério Público Federal (MPF) pediu que a investigação sobre Milton Ribeiro seja enviada ao Supremo Tribunal Federal (STF). Para o MPF, as interceptações telefônicas mostram que o chefe do Executivo pode ter interferido de forma ilícita nas diligências.
“O MPF vem requerer que o auto, bem como o arquivo de áudio do investigado Milton Ribeiro, que aponta indício de vazamento da operação policial e possível interferência ilícita por parte do residente da República Jair Messias Bolsonaro nas investigações, sejam desentranhados dos autos e remetidos, de maneira apartada e sigilosa, ao Supremo Tribunal Federal”, escreveu o MPF.
O ex-ministro foi preso porque é suspeito de corrupção passiva, prevaricação, advocacia administrativa e tráfico de influência. As investigações sobre esses eventuais crimes começaram após um áudio divulgado pelo jornal “Folha de S.Paulo” revelar um suposto esquema de propina no Ministério da Educação.