Um estudo divulgado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) mostrou que, atualmente, metade do salário mínimo do trabalhador brasileiro é consumido pela cesta básica, isto é, pelos itens básicos de alimentação e higiene.
Segundo o Dieese, em média, 55,68% do salário mínimo foi dispendido para essas despesas em julho. A cada mês que passa, a tendência é que uma maior parte dos vencimentos dos trabalhadores seja reservada para estes itens.
Prova disso é que, conforme aponta o levantamento, foram 17 capitais pesquisadas. Destas, 15 registraram um aumento em julho na comparação com o mês anterior. Dessas elevações, as maiores foram registradas em:
- Fortaleza (3,92%);
- Campo Grande (3,89%);
- E Aracaju (3,71%).
Já em comparação com julho do ano passado, o número teve um crescimento em absolutamente todas as capitais, com destaque para Brasília, que teve quase 30% de aumento.
Ainda de acordo com o levantamento, a cesta mais cara está em Porto Alegre. Na capital do Rio Grande do Sul, o item custa mais de R$ 656.
Para o Dieese, com o valor atual da cesta em Porto Alegre, por exemplo, considerando uma família de quatro pessoas, com dois adultos e duas crianças, o salário mínimo do país deveria ser de R$ 5.518 – cinco vezes maior do que o atual.
Mais dias de trabalho
Por fim, a pesquisa ainda mostra que os brasileiros precisaram trabalhar mais para adquirir a cesta básica em julho deste ano em comparação com o ano passado.
Em 2020, para adquirir os produtos básicos, era necessário trabalhar 12 dias, levando em consideração uma carga horária de oito horas. Já no mesmo mês, só que de 2021, foram necessários 14 dias de trabalho.
Inflação alta explica o preço da cesta básica
De acordo com o economista Ricardo Henriques, da Universidade Federal Fluminense, em uma reportagem do “jornal Nacional”, da TV Globo, a alta na inflação tem sido a grande vilã dos brasileiros, sobretudo quando o assunto são os mais pobres.
“O que estamos vivendo hoje é uma situação em que, com o crescimento da inflação, os mais pobres e os mais vulneráveis sofrem desproporcionalmente”, conta ele.
Ainda de acordo com o economista, aqueles que ganham em torno de um salário mínimo têm uma punição enorme do ponto de vista da qualidade, “inclusive da sua alimentação, da qualidade das suas condições de vida”.
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