Segundo um levantamento realizado pelo grupo técnico (Grupo Estratégico de Combate aos Atos Antidemocráticos) do Ministério Público Federal (MPF), metade das aproximadamente 1000 pessoas presas pelos ataques golpistas realizados em 8 de janeiro, na Praça dos Três Poderes, no Distrito Federal, receberam o auxílio emergencial. O grupo técnico é vinculado à Secretaria de Perícia, Pesquisa e Análise (Sppea) do Ministério Público Federal.
É importante lembrar que o benefício foi pago pelo governo federal para a população mais vulnerável durante o período mais complicado da pandemia da covid-19 em nosso país, quando milhões de brasileiros perderam emprego sem a possibilidade de obter renda, sendo importante para que esta parte da população pudesse cumprir com necessidades básicas.
Nesse sentido, o levantamento apontou que, entre o grupo de presos:
- cerca de 60% dos presos eram homens;
- a maior parte possui idade entre 36 e 55 anos;
- aproximadamente 20% dos presos eram filiados a algum partido;
- até mesmo alguns dos presos chegaram a se candidatar a algum cargo público nas eleições passadas ou forneceram serviços para campanhas políticas;
- o valor recebido pelos presos com o auxílio emergencial totalizam R$1.635.014,44.
“O trabalho permite traçar o perfil dos envolvidos para o processo de apuração de eventuais responsabilidades dos agentes, de forma individualizada”, descreveu o Ministério Público Federal. Ainda, de acordo com o órgão, o grupo técnico é capaz de realizar uma espécie de “raio-x” da cada investigador, realizando consulta aos dados pessoais, o que contribui para a individualização das condutas de cada suspeito.
Segundo o MPF, a criação do grupo técnico foi necessária para lidar com o grande volume de relatórios de pesquisa e informação. Para efeito de análise, esse trabalho conjunto, em aproximadamente um mês, gerou 700 denúncias apresentadas à Justiça.
Número de presos denunciados vem aumentando
Conforme as investigações relacionados aos atos golpistas do dia 8 de janeiro vai se encaminhando ao fim, a quantidade de presos denunciados aumenta. Até agora, a Procuradoria-Geral da República (PGR) já denunciou 835 pessoas pelos atos golpistas, sendo que, 139 foram feitas na última terça-feira (14).
Nesse sentido, 645 foram consideradas incitadoras dos atos, ou seja, participaram do ato ou então estavam acampadas em frente ao Quartel-General do Exército, em Brasília, mas não chegaram a depredar os prédios públicos da Praça dos Três Poderes. Por outro lado, 189 estão sendo considerados executores, ou seja, invadiram os prédios e realizaram atos de vandalismo e depredação.
A PGR vem denunciando os presos nos seguintes crimes:
- Associação criminosa armada;
- Abolição violenta do Estado Democrático de Direito;
- golpe de Estado;
- dano qualificado contra o patrimônio da União;
- deterioração de patrimônio tombado.
A Procuradoria-Geral da República vem investigando os atos golpistas do dia 8 de janeiro em quatro frentes de apuração: responsáveis pela depredação das dependências do Planalto, Congresso e Supremo, “autores intelectuais e partícipes por instigação” dos atos antidemocráticos, financiadores da ofensiva e “agentes públicos responsáveis por omissão imprópria”. O prejuízo aos cofres públicos devido aos ataques são calculados em aproximadamente R$20 milhões. A Justiça busca reaver parte do valor identificando os financiadores.