O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que a troca da meta de inflação não estará na pauta da reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN). A fala vem em um momento de tensão entre o governo e o Banco Central. O encontro, que acontece nesta quinta-feira, 16, reúne o próprio Haddad, além do presidente do BC, Roberto Campos Neto, e a ministra do Planejamento, Simone Tebet.
Para 2023, a meta de inflação do Brasil é de 3,25%. Para 2024, a meta é de 3%. Contudo, diversos economistas criticam a medida, afirmando que a taxa baixa de inflação pode prejudicar o incentivo à economia e, por consequência, a geração de empregos e renda.
O entrave entre o governo e o Banco Central
Nas últimas semanas, o presidente Lula, e sua base partidária e governista, vem aumentando o tom contra o projeto de independência do Banco Central. Segundo o petista, a medida é uma “bobagem” e disse que a autarquia deve ser subordinada ao governo, por questões de incentivo à economia. A crítica também recai na atual taxa de juros, em 13,75% ao ano.
Durante essa semana, diversos economistas assinaram um abaixo-assinado pedindo a diminuição da taxa Selic no Brasil. Contudo, em entrevista ao Roda Vida, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, não deu sinais de que fará isso.
Além da taxa de juros, o Banco Central precisa seguir a meta de inflação. Isso quer dizer que o país precisa atingir o percentual decidido pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), formado por Haddad e mais os dois nomes. Para alguns economistas, a meta é irreal, dado que o país dificilmente consegue cumprir os percentuais desejados. Para 2023, a meta de inflação do Brasil é de 3,25%, enquanto que em 2024 o percentual estipulado é de 3%.
Haddad reforçou o recado de Lula
Em encontro hoje, no CEO Conference, organizado pelo banco BTG Pactual, alguns economistas reforçaram o recado de Lula. Isso porque, segundo alguns deles, a meta é “irrealista”. Na mesma conferência, um gestor de investimentos afirmou que a meta é “inalcançável”, mas ressaltaram que o mercado pode reagir mal à mudança da meta de inflação.
Dessa forma, o Brasil veria um forte impacto no dólar, que pode subir, pressionando a inflação em todo o país. Além disso, falas de Fernando Haddad sobre a questão fiscal ainda geram incertezas em relação ao governo de Lula.
Ainda na conferência, Fernando Haddad ressaltou que é a favor de metas rigorosas para o plano fiscal e para as políticas monetárias, mas disse que elas precisam ser “humanamente alcançáveis“. Com isso, economistas afirmam que o cenário passa ter uma cara boa do Brasil em relação ao mundo, com maior confiança na economia brasileira, ainda que a passos pequenos.
A reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN) acontece amanhã, 16.