As novas projeções do mercado financeiro para a economia do país ficaram ainda mais negativas nesta semana. A saber, o Banco Central (BC) atualizou nesta segunda-feira (1º) o seu relatório Focus, que traz projeções de mais de cem instituições do mercado financeiro. E esta é a 30ª semana consecutiva em que os analistas elevaram suas estimativas para inflação do país em 2021.
Nesta atualização, a média das projeções fez a inflação saltar 0,21 ponto percentual (p.p). Com isso, a estimativa para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) passou de 8,96% para 9,17%. Há quatro semanas, a taxa estava em 8,51%.
Além disso, os economistas do mercado financeiro também elevaram fortemente o juro para 2022, que disparou de 4,40% para 4,55%, 15ª alta seguida. Isso mostra que a expectativa para a inflação no ano que vem também piora a cada semana. Já para 2023, a projeção se manteve em 3,27%, enquanto para 2024 passou de 3,02% para 3,07%.
Entenda como a inflação é definida no Brasil
A saber, a taxa da inflação é determinada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Para 2021, o órgão definiu a meta da inflação em 3,75%. No entanto, o CMN também tem definido um intervalo de 1,5 ponto percentual para cima e para baixo. Por isso, a meta para a inflação de 2021 é de 3,75% e o intervalo varia de 2,25% a 5,25%.
Isso quer dizer que a inflação pode chegar até 5,25% no final de 2021 e, mesmo assim, ela não extrapolará o limite da meta. Contudo, a projeção do mercado para 9,17% supera em quase quatro pontos percentuais o limite superior definido pelo CMN.
A propósito, o conselho também define a meta para a inflação de três anos seguidos, alterando os valores caso haja necessidade. A partir disso, o BC deve adotar medidas para alcançar a meta, pois uma inflação estável permite maior crescimento econômico, visto que há redução nas incertezas do país.
Aliás, a inflação é medida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em suma, o IPCA, calculado pelo IBGE, é considerado a inflação oficial do Brasil. Inclusive, a inflação acumulada neste ano está em 6,90% e chega a 10,25% nos últimos 12 meses.
Estimativas para PIB, dólar e Selic pioram
O relatório Focus também reportou que a projeção para o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 2021 caiu pela terceira semana seguida, de 4,97% para 4,94%. A estimativa para 2022 também recuou (1,40% para 1,20%), quarta queda consecutiva. Já para 2023, a taxa se manteve em 2,00% e, para 2024, caiu de 2,25% para 2,20%.
O BC também revelou que o mercado financeiro acredita que o dólar encerrará o ano cotado a R$ 5,50, contra R$ 5,45 na semana anterior. Aliás, os analistas elevaram mais uma vez o dólar para os três anos seguidos: 2022 (R$ 5,45 para R$ 5,50), 2023 (R$ 5,20 para R$ 5,25) e 2024 (R$ 5,10 para R$ 5,20). Isso mostra que o mercado acredita que o dólar seguirá acima de R$ 5,00 nos próximos anos, pelo menos se o cenário atual se mantiver como está.
Por fim, a taxa básica de juros do país, a Selic, também disparou nesta atualização, de 8,75% ao ano para 9,25% ao ano. A saber, o BC elevou a taxa Selic em 1,5 ponto percentual em 22 de setembro, para 7,75%. Esse é o maior nível da Selic desde 2017. E a expectativa é que a taxa ainda suba mais 1,5 ponto percentual até o final do ano.
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