A inflação em alta o cenário econômico internacional incerto fazem com que o Banco Central fique em uma posição delicada. Ao mesmo tempo em que acreditava que a alta dos preços estaria controlada nesse mês, a entidade vê as commodities ficando cada vez mais caras. O resultado disso é uma inflação ainda alta, mesmo com a Selic nos patamares recordes.
Diante disso, o mercado financeiro acredita que o Banco Central vai aumentar ainda mais a taxa de juros no próximo encontro do COPOM. Marcado para os dias 3 e 4 de maio, a reunião deve marcar um novo patamar da Selic, que pode chegar a mais de 13% ao ano.
Cenário péssimo
A guerra na Ucrânia marca um cenário de incerteza e muita inflação no mundo todo. Enquanto os Estados Unidos registram a maior inflação em 40 anos, a Europa também sofre com a alta dos preços e com a possibilidade de uma recessão econômica. No Brasil, nem mesmo a brusca alta da Selic é capaz de deter a inflação.
Por aqui, o IPCA já ultrapassa dos 11% nos últimos 12 meses. A Selic, hoje em 11,75% também não chegou no topo do movimento de alta, como o Banco Central imaginava. Na próxima reunião, especialistas afirmam que a taxa básica de juros pode chegar em 13,25%, mesmo que o cenário mais provável seja o de 12,75%, aumento de 1 ponto percentual.
Por outro lado, a notícia boa é que o dólar deve continuar em seu movimento de queda, caso o cenário se mantenha. As altas taxas de juros por aqui atraem muitos investidores internacionais, que buscarão altos rendimentos com um risco moderado. Dessa forma, a moeda, que fechou a R$4,62 na última quarta-feira, 20, pode cair ainda mais.
Porém, o cenário não é bom para os brasileiros. A alta da Selic torna as coisas muito mais difíceis, principalmente para quem está no vermelho.
A Selic vai atrapalhar a sua vida
No Brasil, todas as operações de crédito dependem da taxa Selic. Pelo fato de ela ser a taxa básica de juros, poucos são os créditos que têm taxas abaixo desse patamar. Com isso, quanto maior é a Selic, mais caro fica tirar dinheiro emprestado com bancos, financeiras e demais instituições. E isso prejudica muito os cidadãos.
A alta da Selic deixa o crédito imobiliário mais caro. Com isso, fica cada vez mais difícil conseguir a casa própria com parcelas que cabem no seu bolso. Além disso, financiamentos automotivos também terão taxas maiores, o que prejudica quem quer comprar um automóvel. Por último, o rotativo do cartão de crédito e o cheque especial, duas das maiores dívidas dos brasileiros, ficam com taxas ainda mais abusivas, o que deixa mais difícil ainda tirar o nome do vermelho, principalmente para quem já está devendo para essas instituições.
Por isso, analistas sugerem cautela nos gastos e buscar, sempre, a renegociação das dívidas. Além disso, eles afirmam que não é o momento certo para financiar automóveis ou imóveis próprios, dado que o cenário da Selic ainda não é favorável ao consumidor.