O mercado espera que o Banco Central (BC), por meio do Comitê de Política Monetária (Copom), promova cortes mais agressivos na taxa de juros. Isso, por conta de dados negativos da prévia da inflação em julho. Isso quem diz é um levantamento feito pela Opção de Copom da B3, uma plataforma de negociação da taxa de juros na bolsa brasileira, e divulgado nesta terça-feira (25).
De acordo com a pesquisa, as apostas para queda de 0,50 ponto percentual subiam para 58%, enquanto o corte de 0,25 foi previsto por 38% dos investidores. Na segunda, os números estavam mais divididos. Por exemplo, 47% viam o corte em 0,50% e 45,50% apostavam na redução de 0,25%. Assim como vem publicando o Brasil123, desde agosto do não passado, a taxa de juros Selic é mantida pelo Banco Central em 13,75%.
Essa maior esperança de uma redução agressiva acontece por conta da divulgação dos dados referentes ao Índice de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) de julho, que mostraram uma variação negativa de 0,07%, ante alta de 0,04% no mês anterior – no ano, a alta acumulada é de 3,09% e, em 12 meses, de 3,19%. O IPCA-15 é considerado uma prévia do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que é o índice oficial da inflação do país, que registrou deflação de 0,08% em junho.
Nesta terça-feira, dados do Boletim Focus, uma pesquisa semanal do Banco Central que tem como foco medir a percepção do mercado, mostrou novas revisões para baixo para a inflação. Conforme os dados, para este ano, a previsão do IPCA passou de 4,95% para 4,90%. Os números relativos a previsões para os próximos anos também tiveram cortes. Nesse sentido, para 2024, o corte previsto foi de 3,92% para 3,09%, e, de 2025, caiu de 3,55% para 3,50%.
As expectativas para os juros, no entanto, ficaram congeladas pela terceira semana seguida. Em 2023 a previsão é de a taxa encerrar em 12%, enquanto 2024 e 2025 devem fechar em 9,5% e 9%, nesta ordem. A taxa de juros alta tem sido objeto de reclamação e descontentamento do governo federal e até mesmo de empresários, que dizem que o alto percentual acaba travando o crescimento econômico do Brasil.
Na semana passada, Geraldo Alckmin (PSB), vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, elogiou o momento da economia brasileira após os seis meses iniciais do governo do chefe do Executivo Luiz Inácio Lula da Silva (PT). No entanto, o vice voltou a criticar a taxa de juros atual, classificando os números como “escandalosos”.
“Eu acho que as coisas estão caminhando bem. Inflação em queda, câmbio competitivo, reforma tributária aprovada na Câmara, marco fiscal encaminhado… Só faltam os escandalosos juros caírem, e aí nós vamos ter uma geração de emprego ainda mais forte”, afirmou. Essa fala bem após Luiz Marinho, ministro do Trabalho e Emprego, ter afirmado que a alta taxa de juros foi a culpada pela não geração de cerca de 25 mil vagas de empregos durante o mês de maio.
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