Uma matéria veiculada no domingo (31) pelo programa “Fantástico”, da “TV Globo” mostrou detalhes de como a estrutura do governo e da polícia do Tocantins teriam sido usados para cobrar propinas de empresários do setor de saúde. Assim como publicou o Brasil123, essas denúncias levaram ao afastamento do governador do estado, Mauro Carlesse (PSL).
De acordo com o médico Luciano Teixeira, considerado uma testemunha-chave da investigação que levou ao afastamento do governador, e membro de uma família de médicos que é dona de um dos maiores hospitais de Palmas, os desvios fizeram que com Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) fossem fechadas no ano passado.
A informação foi dada em um vídeo, pois, depois de ter prestado queixa à polícia, ele passou a fazer denúncias graves em redes sociais. “Nós temos duas UTIs fechadas desde o ano passado por falta de recebimento do Plansaúde. E, enquanto isso, os pacientes do Plansaúde estão morrendo”, disse ele.
Já ao “Fantástico”, ele relatou que o Plansaúde, que é o plano de assistência médica dos servidores públicos do Tocantins, atrasava sistematicamente os pagamentos porque, de acordo com ele, o esquema do governador tinha a intenção de “criar uma dificuldade para vender uma facilidade”. “ Extorquir os hospitais e clínicas”, afirma o médico.
Durante a reportagem da “TV Globo”, um repórter questionou se dar propina era uma “obrigação” para receber do governo. “Tinha que dar um cheque para eles antes, para depois receber”, revelou Luciano.
O esquema segundo a PF
De acordo com a Polícia Federal (PF), o esquema funcionava da seguinte forma: empresas usadas no esquema emitiam notas de produtos hospitalares nos valores da propina.
“Os produtos não existiam, os hospitais e clínicas extorquidos pagavam esses valores e então a nota era cancelada”, relata a PF, que ainda explica que os valores da propina eram negociados pelo Secretário Especial de Parcerias e Investimentos, Claudinei Aparecido Quaresemin. Claudinei, que é sobrinho de Mauro Carlesse, também foi afastado do cargo.
Segundo Luciano, dois parentes, que administram o hospital da família estiveram com Claudinei em junho de 2019 para cobrar as dívidas do Plansaúde. Dois meses após a reunião, um dos pagamentos de propina foi gravado e hoje está anexado à investigação.
Mudanças na estrutura
Ainda nas investigações, a PF e o Ministério Público Federal (MPF) afirmam que, para manter os esquemas de propina, a suposta organização, liderada por Mauro Carlesse, fez uma intervenção direta na cúpula da Secretaria de Segurança Pública.
Para isso, o governo nomeou aliados para controlar todas as investigações de corrupção que vinham sendo feitas pela Polícia Civil. Por conta dos das suspeitas, o governador é acusado de comandar uma suposta organização criminosa que extorquia dinheiro de empresários do setor de saúde.
Mauro Carlesse nega os crimes
Depois de ter sido afastado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), a defesa do governador veio a público relatar que tanto Mauro Carlesse e seu sobrinho Quaresemin “são inocentes e exerceram suas funções com correção e probidade e que não foram ouvidos pela Justiça nem tiveram pleno acesso às investigações”.
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