Espalhados por pelo menos seis partidos distintos, os políticos e a cúpula do Movimento Brasil Livre começaram a reavaliar suas posições políticas com a proximidade das eleições em 2022.
A estratégia do grupo, que surgiu em 2014 com a proposta de ser apartidário e ganhou protagonismo com a organização de protestos pró-impeachment, agora perde fôlego ao se chocar com a falta de recursos institucionais para marcar posição efetiva no Congresso Nacional.
O movimento liberal emplacou nomes na política impulsionados pela força das redes, como o deputado estadual paulista Arthur do Val, mais conhecido como Mamãe Falei pela atuação no YouTube.
Ele ficou na quinta posição na disputa pela prefeitura paulista, mas será a aposta do grupo para o governo do estado em 2022.
Outro nome é o deputado federal Kim Kataguiri, principal rosto do grupo.
Ele avalia que o objetivo agora é encontrar um partido único para abrigar os integrantes do MBL e reforçar o projeto de nacionalização do movimento:
Nossa experiência no parlamento mostrou que não funciona, toda a lógica é muito partidária: para você falar, incluir ou tirar um projeto da pauta, obstruir, tudo é feito via partido. A experiência eleitoral que tivemos em 2020 mostrou que ter candidatura majoritária ajuda a puxar votos para a própria bancada e que assim podemos nos beneficiar do sistema proporcional, puxando nomes menos conhecidos a partir de outros mais populares.
Com a perspectiva clara de que não há tempo suficiente para estruturar um partido independente até o próximo pleito, o MBL já articula com Cidadania, Podemos e Novo.
Danilo Gentili no radar
O partido comandado por João Amoêdo sai na frente pela proximidade com Renan Santos, coordenador do MBL, e conversas paralelas que convergem para o nome de Danilo Gentili como um potencial “puxador de votos” em uma eventual chapa majoritária.
Gentili fez piada quando questionado se topa mudar do entretenimento para a política.
Apesar disso, o humorista participa de reuniões mais sérias com o MBL há pelo menos dois anos.
Internamente, ainda não há plano B caso a aspiração política do humorista não vá adiante.
Direita crítica
Ao buscar uma terceira via para a direita, o grupo mantém a oposição crítica que faz atualmente ao governo Bolsonaro.
O apoio declarado ao atual presidente nas eleições de 2018 logo perdeu força com os primeiros sinais de atrito entre a cúpula do Planalto e lideranças do MBL.
No entanto, Kataguiri define a condução da pandemia pelo governo federal como um limite em relação ao que o movimento acredita.
Na primeira semana de governo tivemos problemas com correntes estatizantes em um governo que prometeu ser liberal, mas não víamos razão para fazer uma oposição frontal. Com o desenrolar do mandato, vimos que a agenda liberal e reformista não ia caminhar, a luta anticorrupção teve retrocessos e a gestão da pandemia é algo surreal, foi criminosa.
Como parte do projeto de nacionalização, o MBL aposta na colaboração de dois nomes: Paulo e André Marinho.
O pai, atual presidente do PSDB-RJ, tenta se desvencilhar do partido desde o racha exposto por Rodrigo Maia na eleição para a presidência da Câmara dos Deputados.
Após a transição, o movimento espera que Paulo mergulhe na articulação político-partidária em prol do grupo e André.