De acordo com áudios de WhatsApp obtidos pela Polícia Federal (PF), o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, conversou com uma assessora de Michelle Bolsonaro sobre uma orientação de pagamento para despesas da então primeira-dama. O militar demonstrava preocupação de que a ação relatada fosse interpretado como um esquema de “rachadinha”, utilizando como exemplo uma investigação a qual o senador Flávio Bolsonaro foi alvo no Ministério Público do Rio de Janeiro.
— Se ela (Michelle) perguntar pra você ou falar alguma coisa ou comentar, é importante ressaltar com ela que é o comprovante que ela tem. É um comprovante de depósito, é comprovante de pagamento. Não é um comprovante dela pagando nem do presidente pagando. Entendeu? É um comprovante que alguém tá pagando. Tanto que a gente saca o dinheiro e dá pra ela pagar ou sei lá quem paga ali. Então não tem como comprovar que esse dinheiro efetivamente sai da conta do presidente. É a mesma coisa do Flávio — relatou Mauro Cid, em 25 de novembro de 2020, para a assessora de Michelle Bolsonaro na época, Giselle dos Santos Carneiro da Silva.
Polícia Federal identificou depósitos em dinheiro vivo de Mauro Cid para Michelle Bolsonaro
Segundo o site UOL, que divulgou a informação nesta segunda-feira 15, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro recebeu sete depósitos em dinheiro vivo de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro. Os comprovantes dos pagamentos foram encontrados em conversas do WhatsApp no celular de Cid. Ele enviou os comprovantes para assessoras de Michelle e para o grupo de Ajudância de Ordens de Bolsonaro.
Os depósitos foram feitos entre março e maio de 2021 e totalizam 8.600 reais. Eles foram fracionados, uma prática comum em casos de rachadinhas, pois diminui a chance de chamar a atenção das autoridades. Dos sete depósitos, seis foram feitos no caixa eletrônico e um no atendimento presencial. “Esses depósitos ocorreram predominantemente de forma fracionada, ou seja, o depositante ao invés de utilizar um único envelope com a quantia desejada, fracionou o valor total em dois envelopes distintos, realizando os depósitos de forma sucessiva em curto espaço temporal (minutos)” apontou a investigação da Polícia Federal.
A PF também descobriu uma conversa em que Mauro Cid faz uma transferência de 5 mil reais para a conta de Michelle em julho de 2021. Além disso, há comprovantes de pagamentos em dinheiro vivo de boletos da tia e do irmão de Michelle. Em um dos diálogos, Cid diz que foi orientado pelo próprio Bolsonaro a pagar em dinheiro vivo. “Não tem como mandar esse tipo de boleto. (…) Quando for assim, me manda só o pedido do dinheiro e vocês pagam por aí, porque isso aí não é gasto do presidente, nem da dona Michelle! É, deve ser de um terceiro que ela está pagando aí a conta desse terceiro aí!” mostra o trecho da conversa de Mauro Cid com uma das assessoras da ex-primeira dama, Michelle Bolsonaro.