Mauro Cid, tenente-coronel ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), compareceu nesta quinta-feira (18) à sede da Polícia Federal (PF) para prestar depoimento no âmbito do inquérito que apura as inserções falsas de informações sobre o recebimento de doses da vacina contra a Covid-19.
Na ocasião, Mauro Cid optou por ficar em silêncio. De acordo com a jornalista Andreia Sadi, da “Globo News”, a justificativa oficial da defesa do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro foi falta de acesso ao resultado da perícia no celular e em outros itens apreendidos na operação que levou à sua prisão.
No entanto, pessoas que estão no entorno de Bolsonaro viram a postura de Mauro Cid com uma certa preocupação. Isso porque, de acordo com esses interlocutores do ex-presidente, esse silêncio pode significar que houve uma mudança de rota e que Cid pode estar cogitando fazer uma delação premiada.
Segundo Andreia Sadi, esse sentimento vem aliado ao fato de que Bernardo Fenelon, especialista nesse tipo de colaboração, foi nomeado para fazer sua defesa após a saída de Rodrigo Roca, ligado à família Bolsonaro.
Operação da PF
No começo deste mês, a Polícia Federal deflagrou uma operação que teve como base investigações sobre a suposta prática de crimes como a prática de crimes na inserção de dados falsos sobre vacinação contra Covid-19 nos sistemas do Ministério da Saúde (sistemas SI-PNI e RNDS).
Ao todo, foram seis pessoas presas. Dentre eles estão Mauro Cid, que como citado foi ajudante de ordens de Bolsonaro, e Max Guilherme e Sérgio Cordeiro, assessores do ex-presidente que trabalhavam no Planalto, além do secretário municipal de Governo da cidade de Duque de Caxias, no Rio de Janeiro, João Carlos de Sousa Brecha.
Essa operação foi uma ordem de Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF). Ele, que é relator do inquérito das milícias digitais, também determinou a execução de 16 mandados de busca e apreensão.
De acordo com a PF, as investigações mostraram que a estrutura criminosa se consolidou no tempo, passando a ter a adesão de outras pessoas, atuando de forma estável e permanente para inserir dados falsos de vacinação contra a Covid-19 em benefício do então presidente da República.
Nesse sentido, a corporação constatou que as inserções teriam ficado a cargo do Secretário Municipal de Governo de Duque de Caxias, João Carlos de Sousa Brecha. “Para apagar os rastros das condutas criminosas, especialmente envolvendo Jair Bolsonaro e sua filha, houve participação de Claudia Helena Acosta Rodrigues da Silva, servidora do município”, informou a Polícia Federal.
Na quarta (17), Bolsonaro prestou depoimento e disse que, caso seu ex-ajudante de ordens tenha arquitetado a fraude, o fez “à revelia”. Bolsonaro também relatou durante a oitiva na PF que não tinha qualquer conhecimento sobre o esquema e que não deu orientação a Mauro Cid para isso.
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