A ministra da Cultura, Margareth Menezes, quer criar um memorial sobre os atos terroristas do último domingo (8), que resultaram na depredação das sedes dos Três Poderes e destruição de obras de arte de valor inestimável no Palácio do Planalto, Congresso Nacional e Supremo Tribunal Federal (STF).
A ideia surgiu na segunda-feira (9), a partir de conversas no Ministério da Cultura. Margareth Menezes esteve nesta terça-feira (10), com a primeira-dama Rosângela Silva, a Janja, no Planalto. Ambas fizeram uma vistoria acompanhadas do diretor de Curadoria dos Palácios Presidenciais, Rogério Carvalho.
Fala de Margareth Menezes
Em entrevista coletiva a ministra afirmou que diversas obras de artes foram danificadas e que a pasta está realizando a devida avaliação dos danos causados. “…há a ideia de criar um memorial sobre essa violência que sofremos para que nunca mais aconteça de novo. Isso é um tesouro do povo brasileiro, um pertencimento da nação, do Estado. E que precisa ser respeitada a sua integridade”, disse a ministra. “Então, é uma violência muito dolorosa, profunda. E esse memorial é para a gente deixar marcado isso. Para que nunca mais possa acontecer outra violência desse nível com a memória, com o intocável, que é a nossa democracia”, complementou.
Criação do memorial
Segundo Margareth Menezes, a ideia do memorial ainda está em fase preliminar e não está claro onde ele será localizado. Além disso, a ministra afirmou que a catalogação é ainda mais necessária para as obras e preservação do patrimônio. Importante destacar que a equipe técnica do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) ainda iniciará as investigações sobre as obras destruídas. Eles têm até quinta-feira (12) para estimar os prejuízos. “Daí, nós vamos ter a dimensão do que foi estragado, o custo disso e como nós vamos fazer essa reparação”, afirmou a ministra.
Objetos sem recuperação
Na coletiva, a ministra informou que alguns objetos encontram-se obsoletos, inviabilizando uma possível restauração. Destacam-se a pintura As Mulatas, de Di Cavalcanti, e o relógio do século XIX pertencente à família real, presente da corte de Luís XIV, na França. A ministra disse que a pintura, que ela acreditava valer “10 milhões a 20 milhões de reais”, foi rasgada em pedaços. “O relógio que foi quebrado, não sabemos se terá condição de recuperar. Quadro de Di Cavalcanti da mesma forma”, disse a ministra. “O relógio [da família real] talvez seja a obra mais sensível. Existem outros daquele tipo, mas são menores”, disse.
Em suma, depois de visitar o Planalto, Janja e Margareth Menezes seguiram para o Supremo Tribunal Federal, que também foi vandalizado por vândalos bolsonaristas no último domingo.