Arthur Lira (PP), presidente da Câmara dos Deputados, afirmou nesta sexta-feira (01) que o veto do presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao dispositivo do projeto do novo marco fiscal que impede o governo de retirar da meta “quaisquer despesas” deve ser derrubado pelo Congresso Nacional.
“É prerrogativa do presidente o veto a qualquer matéria legislativa que ele julgue que possa prejudicar o governo, mas também é prerrogativa do Congresso derrubar o veto”, afirmou o chefe da Casa durante sua participação no evento “Expert”, realizado pela XP Investimentos na cidade de São Paulo.
Ainda segundo Arthur Lira, a Câmara dos Deputados está à disposição para o que ele chamou de “debate franco” sobre as medidas que serão necessárias para que seja possível a eliminação do déficit das contas primárias, como previsto no Orçamento do ano que vem enviado pelo Executivo ao Congresso na quinta-feira (01).
Assim como publicou o Brasil123, um desses vetos trata de uma restrição de investimentos do governo federal caso o Executivo tenha que limitar empenhos e também pagamentos para atingir o mínimo da meta de resultado primário.
Na lei aprovada pelo Congresso Nacional, caso esse objetivo não fosse alcançado e o governo escolhesse apertar os valores de despesas, os custos com investimentos, por exemplo, também poderiam ser reduzidos até a mesma proporção da limitação das demais despesas discricionárias.
Ao vetar o trecho, a Presidência da República relatou que essa medida “contraria o interesse público”. Isso porque, segundo a entidade, torna mais rígida a gestão do orçamento, “o que pode ter impacto em gastos essenciais da União”. Outro trecho vetado pelo governo foi uma indicação da Ministério do Planejamento. A parte em questão determinava que a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) não poderia excluir despesas primárias da meta de resultado primário.
Conforme o governo federal, esse trecho foi retirado da lei do marco fiscal porque uma eventual exclusão é uma “medida excepcional” e, por isso, deve ser autorizada na LDO. Nesse sentido, a Presidência da República afirma que a LDO de 2023 já prevê que o impacto de operações com precatórios, que são as dívidas do governo reconhecidas pela Justiça, não será contabilizado na meta de resultado primário.
“Essas transações podem ser vantajosas para o contribuinte e para a União, resultando, contudo, em impacto primário, seja pelo lado da receita ou da despesa”, afirma o governo, relatando ainda que, nesse sentido, “a sanção do dispositivo inviabilizaria a realização de tais operações, reduzindo a eficiência econômica na gestão fiscal”.
O novo marco fiscal foi aprovado pelo Congresso na semana como lei complementar e define mecanismos de ajuste e alguma flexibilidade para sustentar a economia em caso de imprevistos. O texto original, que foi relatado pelo deputado federal Cláudio Cajado (PP-BA), passou pelo Senado em junho e, por lá, sofreu algumas alterações. A Câmara aprovou parte das mudanças, votou o texto e o encaminhou para Lula, que o sancionou nesta quinta.
Leia também: IBGE mostra que PIB brasileiro cresceu no segundo trimestre de 2023; veja os números