A Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) divulgou um dado que reflete bem os impactos da pandemia da Covid-19 no país em 2020. De acordo com o levantamento da instituição, mais de 75 mil lojas encerraram suas atividades no Brasil no ano passado. Esse saldo é resultado da diferença entre abertura e fechamento de estabelecimentos do varejo do país com vínculos empregatícios.
Em resumo, o valor registrado é o mais intenso desde 2016, quando cerca de 105,3 mil lojas fecharam suas portas. À época, o setor sofria os fortes efeitos da recessão brasileira de 2014 a 2016, a maior da história recente do país.
Apesar do resultado, o presidente da CNC, José Roberto Tadros, afirmou que a queda de 1,5% das vendas no varejo em 2020 foi menor que a esperada. “As perdas do setor varejista foram sentidas logo em março, mas, a partir de maio, foi possível começar a reverter a situação, graças à rápida reação do mercado. Contribuíram fatores como o fortalecimento do comércio eletrônico e o benefício do auxílio emergencial, permitindo que o brasileiro pudesse manter algum nível de consumo. O desafio será ver o comportamento deste ano, com o programa de imunização ainda em andamento”, ponderou Tadros.
Também vale ressaltar que houve a perda de 25,7 mil vagas formais em 2020. Aliás, este também é o primeiro saldo anual negativo desde 2016, quando foram perdidas impressionantes 176,1 mil vagas. O resultado de 2020, apesar de intenso, não reverteu a quantidade de vagas geradas de 2017 a 2019.
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Segundo a pesquisa, o ramo de vestuário ocupou a primeira posição no ranking de perdas em 2020. Em suma, houve o fechamento de 22,29 mil unidades no país. Em seguida, ficaram hiper, super e minimercados (-14,38 mil) e lojas de utilidades domésticas e eletroeletrônicos (-13,31 mil). Sobre isso, o economista da CNC responsável pelo estudo, Fabio Bentes, afirmou que, mesmo com o avanço do e-commerce, ainda há grande demanda pelas compras presenciais. “As incertezas em relação à retomada do ritmo econômico, sobretudo diante da necessidade de isolamento da população, vão influenciar fortemente as projeções para 2021”, afirmou.
Por fim, a CNC também divulgou três projeções para 2021. No primeiro cenário, com redução de 5,0 pontos percentuais no índice de isolamento social, as vendas cresceriam 5,9% em relação ao ano anterior e haveria reabertura de 16,7 mil novas lojas. Num segundo cenário, com o isolamento em níveis pré-pandemia, as vendas cresceriam 8,7%, com abertura de 29,8 mil estabelecimento. Já num cenário mais duro, com um confinamento 3,0 p.p. menor que o registrado em dezembro de 2020, apenas 9,1 mil lojas seriam abertas.
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