Números do jornal “O Estado de S.Paulo”, revelados nesta segunda-feira (18), mostram que 26 pessoas foram mortas neste ano por motivações políticas ou pelo exercício da atividade pública. Segundo o monitoramento da violência política do jornal, este número é maior do que o registrado em quatro campanhas presidenciais desde a redemocratização.
Violência política no Brasil preocupa ONU
Conforme o jornal, nas eleições municipais de 2020, por exemplo, foram 16 assassinatos por intolerância e discussões sobre candidatos em caminhadas, panfletagens e comícios, crimes não premeditados. Ainda de acordo com a publicação, mais do que qualquer outro tipo de crime político, o assassinado ocorrido por conta de discussões partidárias tem efeito corrosivo de inibir o debate em grupos de amigos e familiares e até em grandes comunidades.
Este tipo de crime atinge políticos de inúmeros partidos, como foi o caso do vereador Ednaldo Isidório Neto (PP), morto em maio deste ano em Serra Talhada, Pernambuco, por conta de uma guerra política antiga.
Ele, que já havia sofrido um atentado dois anos antes, foi morto por uma dupla que passou atirando em frente a sua residência. Além dele, outro parlamentar morto foi Carlos Gabriel Ferreira Lopes (Solidariedade).
O parlamentar, que era de Mocajuba, no Pará, foi assassinado por uma dupla que também estava em uma moto. Outra vítima foi o ex-secretário de Obras Sérgio Roberto Lezan (Republicanos). Ele, que havia denunciado políticos locais por corrupção, sofreu um atentado fatal na cidade de Major Vieira, em Santa Catarina.
Em entrevista ao jornal, Sérgio Praça, cientista político e professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV), afirmou que não se pode “subestimar” a gravidade desses casos de crimes por discussão partidária. De acordo com ele, “isso não pode virar algo normal”.
“Um petista é atacado, depois um bolsonarista. Logo, logo, a competição violenta torna-se comum”, ressaltou ele fazendo alusão ao assassinato de Marcelo Arruda, filiado ao PT que foi morto pelo agente penal Jorge Guaranho, apoiador do presidente Jair Bolsonaro (PL), durante sua festa de aniversário que tinha como tema o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o partido.
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