Neste domingo (19), os franceses foram às urnas para definir o segundo turno das eleições legislativas e, de acordo com projeções realizadas por empresas de pesquisa, Macron irá perder a maioria absoluta no parlamento francês. São necessárias 289 cadeiras para obter maioria absoluta no parlamento, contudo, as pesquisas apontam que o presidente reeleito deve conseguir entre 200 e 269 assentos.
Com isso, a aliança de centro de Macron, intitulada de Ensemble! irá terminar o segundo turno com a maior parte do parlamento francês, sendo seguida pela aliança de esquerda, Nupes, que deve garantir algo entre 149 e 200 cadeiras, e pela de extrema-direita, que pode ganhar até 100 cadeiras. Para este segundo mandato, Macron enfrentará um parlamento bastante dividido.
Nesse sentido, o partido Agrupamento Nacional (RN) comemorou o resultado como um “tsunami” nas eleições. “É uma onda azul marinho em todo o país. A lição desta noite é que o povo francês transformou Emmanuel Macron em um presidente minoritário”, afirmou Jordan Bardella, líder interino do partido, em entrevista concedida.
Macron enfrentará divisão no país
Macron foi o primeiro presidente em 20 anos a conseguir a reeleição na França. Contudo, isso não significa que o mandato do francês será de tranquilidade. A forma como conseguiu a reeleição foi devido a um “voto útil” da esquerda francesa para Macron, buscando que a extrema-direita de Le Pen não tivesse a possibilidade de ganhar as eleições presidenciais.
No entanto, a ala mais à esquerda já havia dito que isso não significava que o presidente teria seu apoio durante o mandato. Inclusive, a aliança Nupes já realiza campanha pelo congelamento do preço de bens essenciais, redução da idade de aposentadoria, limitação de herança, assim como a proibição de empresas que pagam dividendo por demissão de trabalhadores. O líder do bloco, Melenchon, também pregou desobediência à União Europeia.
Inclusive, aliados do presidente Macron têm constantemente apontado Melenchon como um “agitador sinistro” com capacidade de destruir a França”. Embora a aliança de esquerda tenha ficado longe de formar maioria no parlamento, ela conseguiu votos o suficiente para se tornar o maior bloco de oposição na Assembleia.
Em um contexto de guerra entre Rússia e Ucrânia, que tem afetado fortemente a Europa devido a alta de combustíveis e o temor pelo corte do fornecimento de gás, antes de ser reeleito, Macron havia apelado por união. “Nada seria pior do que adicionar a desordem francesa à desordem mundial”, afirmou o presidente reeleito”.
Abstenção nas eleições
Atualmente, mais de 48 milhões de franceses estão permitidos a votar nas eleições legislativas. No entanto, o voto não é obrigatório para os franceses. Até as 17h, apenas 38,11% dos eleitores haviam votado, número ainda menor que o primeiro turno, onde 39,42% haviam votado até este mesmo horário.
De acordo com os primeiros números disponibilizados às 20h local, momento em que as urnas foram fechadas, houve cerca de 54% de abstenção neste segundo turno das eleições legislativas francesas.