No próximo domingo (16), o presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva (PT) embarca para Bruxelas, na Bélgica. Por lá, o chefe do Executivo irá participar da terceira cúpula UE-Celac, ao lado de líderes de ambas as instituições, a União Europeia e a Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos. Conforme afirma a União Europeia, a cúpula tem como foco fortalecer a parceria entre os países, discutir o trabalho conjunto para alcançar transições ecológicas e digitais justas e demonstrar um compromisso compartilhado de defender a ordem internacional.
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No entanto, de acordo com o jornal “Folha de São Paulo”, interlocutores de Lula afirmam que o evento, na realidade, significa mais uma tentativa de articulação de um acordo comercial em âmbito mais regional, entre a União Europeia e o Mercosul, cujos principais países são Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai. Esse último, o Uruguai, tem ameaçado a fazer acordos bilaterais com a China, pois, 30 anos depois de sua fundação, o Mercosul ainda não fechou nenhum acordo relevante com outros países ou grandes blocos de nações.
Nesta quinta, Ignacio Ybáñez, embaixador da União Europeia no Brasil, revelou estar ciente dos planos de Lula. Nesse sentido, ele relatou que a intenção é assinar o acordo ainda em 2023. “Nossa grande ambição em relação à América Latina é assinar o acordo com o Mercosul até o final deste ano”, disse ele.
No entanto, ele relatou que não espera que a União Europeia converse sobre o acordo no evento de Bruxelas. “Não esperamos que haverá negociações, nem é este o foro, mas sim buscar o compromisso de que os dois lados finalizem esse acordo”, afirmou ele em entrevista coletiva. Em março deste ano, a União Europeia apresentou um documento que esperava ser o final. No entanto, o Brasil está trabalhando em uma nova versão, pois o governo brasileiro, incluindo Lula, não gostaram de eventuais punições que foram incluídas no documento.
O petista, recentemente, declarou que está “louco” para fechar o acordo, mas ressaltou que “o Instrumento Adicional apresentado pela União Europeia em março deste ano é inaceitável”. “Parceiros estratégicos não negociam com base em desconfiança e ameaça de sanções. É imperativo que o Mercosul apresente uma resposta rápida e contundente”, disse o chefe do Executivo.
De acordo com Ignacio Ybáñez, o lado europeu do acordo está ciente do descontentamento por conta dos termos adicionais e, por isso, aguarda uma proposta diferente. “Já sabemos que alguns pontos não foram do agrado dos países do Mercosul e esperamos uma contraproposta”, disse.
Negociado oficialmente desde 1999, o acordo geral foi concluído em 2019. As negociações finais vêm esbarrando em divergências na área ambiental. Esse é um ponto central na política e na economia da UE atualmente, que vem, por exemplo, aprovando leis para impedir que países do bloco comprem produtos oriundos de desmatamento na Amazônia e outras florestas tropicais.
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