O presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se reuniu nesta sexta-feira (16) com o ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, e o comandante do Exército, general Tomás Paiva, para a realização de uma reunião no Palácio da Alvorada como foco em discutir o plano de golpe encontrado pela Polícia Federal no celular do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-chefe do Executivo Jair Bolsonaro (PL).
Segundo informações do jornal “O Globo”, a conversa com os citados durou quase duas horas e teve como objetivo a discussão das mensagens e documentos que foram encontrados pela Polícia Federal (PF) no celular do ex-auxiliar de Bolsonaro – as mensagens eram uma trama para dar um golpe de estado, afastar ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e colocar o país sob intervenção militar.
Em nota, o Exército comentou o caso e disse que “opiniões e comentários pessoais não representam o pensamento da cadeia de comando do Exército Brasileiro e tampouco o posicionamento oficial da Força”. “Como Instituição de Estado, apartidária, o Exército prima sempre pela legalidade e pelo respeito aos preceitos constitucionais”, afirmou a entidade.
Em outro momento, a corporação relatou que “os fatos recentes somente ratificam e comprovam a atitude legalista do Exército de Caxias”, diz a nota. “Eventuais condutas individuais julgadas irregulares serão tratadas no âmbito judicial, observando o devido processo legal. Na esfera administrativa, as medidas cabíveis já estão sendo adotadas no âmbito da Força”.
Entenda o caso das mensagens
Uma reportagem da revista “Veja” mostrou que a Polícia Federal encontrou, no celular do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid, mensagens e documentos que revelam o plano de aplicar um golpe de estado, afastando ministros do STF e colocando o país sob intervenção militar.
De acordo com a reportagem da revista Veja, havia no entorno próximo de Bolsonaro, militares e apoiadores conspirando para tentar anular o resultado da eleição de 2022, vencida por Luiz Inácio Lula da Silva. Ainda conforme a publicação, um dos documentos é intitulado “Forças Armadas como poder moderador”.
Neste documento, existe um plano baseado numa tese controversa em que militares poderiam ser convocados para arbitrar conflitos entre os poderes. Conforme a publicação, o documento, em dado momento, ensina uma espécie de “passo a passo” do golpe, não sendo, porém, o mesmo conteúdo da minuta golpista encontrada com o ex-ministro Anderson Torres. Segundo o plano, Bolsonaro deveria encaminhar as supostas inconstitucionalidades praticadas pelo Judiciário aos comandantes das Forças Armadas e, desta forma, os militares poderiam nomear um interventor investido de poderes absolutos.
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