Tem circulado pelas redes sociais nos últimos dias uma notícia que o presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva (PT) defendeu, durante uma reunião com líderes sul-americanos no mês passado, o fechamento do Congresso Nacional – a informação, no entanto, não passa de mais uma fake news disseminada pela internet.
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Nas publicações que circulam pelas redes sociais, afirma-se que “Lula já fala em acabar com o Congresso”. “Mera coincidência com a Venezuela? O Brasil ainda não acordou”, diz um texto inserido no vídeo compartilhado no WhatsApp.
Já uma outra publicação vem com a seguinte descrição: “Bom dia, senhoras e senhores! Lula está seguindo os passos de Nicolás Maduro [presidente da Venezuela], ele quer acabar/fechar o Congresso Nacional. A ideia é uma ‘governança global’. A imprensa colabora para este fim”.
Essas publicações estão utilizando um trecho de Lula tirado de contexto e cortado. Conforme o “UOL”, os vídeos que circulam pelas redes sociais estão distorcidos porque foram dois trechos cortados. O primeiro foi cortado para sugerir que Lula defendeu o fechamento do Congresso após a instalação da nova governança global.
“Com o fortalecimento das Nações Unidas com outros países, a questão do clima só vai ter solução se a gente tiver decisões globais”, é o que diz o presidente na fala não inserida no vídeo. Já o segundo trecho que foi cortado diz respeito a uma reunião que será realizada em agosto, em Belém, no Pará para discutir a defesa da Amazônia. “Então, essa reunião de agosto, que vai ser em Belém, vai ser uma reunião marcante para a gente dar seriedade na defesa da Amazônia”, disse o petista em outra fala ignorada pelo vídeo editado.
De acordo com o “UOL”, em nenhum momento Lula defendeu o fechamento do Legislativo, sendo que o chefe do Executivo apenas afirmou que medidas acordadas em encontros internacionais podem ser derrubadas pelo Congresso.
Lula já havia falado sobre uma governança global em outras ocasiões, inclusive durante seu encontro com Joe Biden, presidente dos Estados Unidos. “A questão climática, se não tem uma governança global forte, que tome decisões que todos os países sejam obrigados a cumprir, não vai dar certo”, começou Lula na ocasião.
“Não sei se aqui é o foro certo. Não sei se é a ONU, o G20 ou G8. Mas alguma coisa temos de fazer para obrigar os países, os Congressos e empresários a acatar decisões que tomamos em níveis globais”, disse Lula em fevereiro, quando se encontrou com o presidente americano.
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