O Diário Oficial da União publicado nesta terça-feira (17) mostrou que, o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) realizou a dispensa de 40 militares que atuavam na Coordenação de Administração Pública do Palácio da Alvorada, residência oficial do presidente da República. Embora a dispensa tenha sido publicada nesta terça, ela é válida a partir do dia 13 de janeiro, até o momento, não foi dada qualquer explicação sobre a dispensa.
Nesse sentido, a dispensa atinge militares de patentes mais baixas, tais como soldados, cabos e sargentos que atuam na segurança da Alvorada. Eles vão continuar nas Forças Armadas, no entanto, seguindo em outras funções fora do Palácio da Alvorada.
Além disso, a Secretaria-Geral também realizou a dispensa de um cabo da Aeronáutica que atuava na administração da Granja do Torto, além de um tenente que atuava na Coordenação-Geral de Administração das Residências Oficiais e um tenente-coronel da Polícia Militar do Distrito Federal que atuava como coordenador da Coordenação de Apoio Geral da Diretoria de Apoio às Residências Oficiais.
Seguindo uma cronologia dos fatos, ela ocorreu após a primeira dama, Rosângela Lula da Silva, a Janja, ter exposto os danos encontrados no Palácio da Alvorada, que foi desocupado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e a ex-primeira dama, Michelle Bolsonaro. Janja chegou a levar uma equipe de TV para mostrar o estado deplorável em que se encontra a residência oficial da presidência da República.
Além de Lula, GSI também realiza dispensa de militares
Nesta terça-feira, o Gabinete de Segurança Institucional (GSI), que é responsável por ações relacionadas à segurança do presidente da República, do vice-presidente, bem como dos palácios presidenciais, também realizou a dispensa de militares.
Entre os dispensados, estava o tenente-coronel do Exército, Marcelo Ustra da Silva Moraes, que ocupava o cargo de assessor técnico militar na Coordenação Geral de Operações de Segurança Presidencial. Outros dois militares também foram dispensados pelo Gabinete de Segurança Institucional (GSI).
Marcelo Ustra é familiar do coronel reformado, Carlos Alberto Brilhante Ustra, atualmente considerado como um dos principais torturadores da ditadura militar, que durou de 1964 até 1985. O coronel reformado morreu em 2015, aos 83 anos, e foi responsável por comandar o DOI-Codi entre 1970 e 1974, órgão de repressão da ditadura que registrou ao menos 45 mortes e desaparecimentos forçados, segundo um relatório elaborado pela Comissão Nacional da Verdade.
Invasão dos prédios públicos no ato golpista gerou desconfiança
Além da questão do Palácio da Alvorada, Lula já externou sua desconfiança com a atuação dos militares durante os ataques golpistas que ocorreram em 8 de janeiro, dia em que bolsonaristas invadiram as sedes dos Três Poderes, em Brasília. Lula diz ter visto uma conivência de integrantes das Forças Armadas, bem como da Polícia Militar do Distrito Federal, com os bolsonaristas radicais.
Nesse sentido, a investigação sobre as atuações dos órgãos públicos do Distrito Federal no ato golpista continuam. A expectativa é que nas próximas semanas sejam trazidas novas informações sobre o acontecido e se houve de fato conivência de órgãos responsáveis pela segurança do local.