Em entrevista à CNN, onde o presidente Lula anunciou o reajuste do salário mínimo e a correção da tabela do Imposto de Renda, o chefe do Executivo também deu declarações relevantes. Isso porque ele afirmou que vai rever a independência do Banco Central ao final do mandato de Roberto Campos Neto, presidente da autarquia. A fala é mais um capítulo dos ataques do atual governo ao projeto aprovado em 2021.
Isso porque Lula entende que a independência do Banco Central é equivocada e prejudica o país. Em sua defesa, ele afirma que as atuais taxas de juros são muito altas. Em entrevista ao Roda Viva, Campos Neto afirmou que vai trabalhar em conjunto com o governo e que o BC também se preocupa com as pautas sociais.
O embate entre Lula e o Banco Central
Lula vem atacando o Banco Central há algumas semanas. Segundo o presidente, a autarquia não deveria ser independente, já que a política monetária faz parte dos planos do governo. Contudo, um projeto aprovado em 2021, durante o governo de Jair Bolsonaro, instituiu que o BC não é submisso ao Ministério da Fazenda.
Contudo, caso a inflação do país fique acima da meta de inflação, a autarquia precisa explicar os motivos. E foi exatamente isso que Roberto Campos Neto fez neste ano, quando o IPCA fechou acima da meta em 2022. As pressões de Lula também recaem sobre a taxa Selic, atualmtente em 13,75%. Segundo o petista, a taxa é alta e está acima do necessário. Atualmente, o Brasil tem a maior taxa real de juros do mundo.
Por outro lado, críticos das falas de Lula afirmam que o Banco Central não é o único a definir os juros. Isso porque o mercado financeiro exige taxas de retorno para emprestar dinheiro ao governo e sustentar a dívida pública. Estudos internacionais mostram que bancos centrais independentes diminuem as taxas de juros, normalmente.
As falas do presidente
Em entrevista à CNN, Lula voltou a duvidar da capacidade de a independência do Banco Central gerar resultados positivos para o país. Além disso, ressaltou que não tem problemas em falar com Roberto Campos Neto sobre os juros, mas que o ideal é que a conversa seja com Fernando Haddad, ministro da Fazenda.
“Vamos ver qual é a utilidade que a independência do Banco Central teve para este país. Se trouxe para o país uma coisa extraordinariamente positiva, não tem problema nenhum ele ser independente”, disse Lula. Com a fala, ele ressalta sua opinião de que a independência da autarquia pode não ser benéfica ao país. Além disso, afirmou que a entidade não é independente. Ele disse que o BC “não é independente, é autônomo”, relembrando que a entidade tem um compromisso social com o país.
Apesar dos entraves, especialistas acreditam que dificilmente uma reversão da independência do Banco Central acontecerá.