Na frente na maioria das pesquisas de opinião, o partido do ex-presidente Lula (PT) tem tentado se aproximar de representantes militares, da indústria e do agronegócio. Setores esses que estiveram bastante próximos do atual presidente Jair Bolsonaro (PL). Contudo, muitos dos representantes ainda estão receosos de tratar sobre esse eventual apoio de forma explícita a fim de evitar represálias.
Tanto Lula, quanto Geraldo Alckmin (PSB), que inclusive tem melhor trânsito com setores mais à direita, têm participado junto a outros integrantes da chapa, de reuniões e outros encontros com objetivo de ouvir ideias, demandas e até mesmo insatisfações com o governo atual do presidente Jair Bolsonaro.
Demandas do Agronegócio para Lula (PT)
Na última semana, o empresário Carlos Agostin, do setor de grãos, reuniu-se com o candidato à vice-presidência Geraldo Alckmin (PSB) e com o ex-ministro Aloízio Mercadante (PT), um dos coordenadores da campanha do ex-presidente Lula.
Nesse sentido, a principal solicitação do agronegócio trazida por representantes foi a redução do custo de produção, que tem como um dos fatores a necessidade de valorização cambial frente ao dólar. Além disso, o setor explica que o custo de fertilizantes está alto demais, solicitando meios de redução de valor de fertilizantes e de combustíveis como diesel.
Outro ponto que fora conversado, foi sobre o crédito verde, projeto que visa financiar o setor com taxas de juros mais baixas para produtores agrícolas. Essa proposta está alinhada com outras propostas de desenvolvimento sustentável bastante debatido por membros da campanha.
Demandas da indústria
Não muito diferente dos pedidos realizados por representantes do agronegócios, os representantes da indústria apresentaram demandas específicas, contudo com preocupações bastante parecidas.
Nesse sentido, o fundamental para o setor é a reversão do processo de desindustrialização que ocorre desde 2015. Com isso, de acordo com uma pesquisa levantada pela USP (Universidade de São Paulo), o país fechou mais de 36 mil fábricas no período de 2015 a 2021. Em outras palavras, isso é o mesmo que fechar quase 17 unidades de fábrica por dia.
Dessa forma, representantes do setor solicitaram maior incentivo do governo para as áreas têxtil, química e metalúrgica. Além disso, os representantes pediram que seja feito um trabalho para melhorar a imagem do Brasil no exterior.
Assim, na visão desses empresários, as notícias veiculadas mundo afora sobre a instabilidade política no Brasil afastam investidores, prejudicam o país no exterior e ajudam a piorar a instabilidade econômica.
Militares mantém discrição
Não admitida publicamente pelo setor, a ordem é o sigilo, com a avaliação de que uma eventual politização das forças, independente de qual seja a posição, Lula (PT) ou mesmo Bolsonaro (PL), pode desgastar a imagem dos militares como um todo.
Com isso, atualmente não há nenhuma solicitação para alguma reunião com o atual comandante do exército Freire Gomes. Contudo, se houver alguma solicitação, segundo uma fonte ligada ao Uol, elas serão “devidamente estudadas”.
Além disso, o próprio comandante tem evitado postar assuntos relacionados em suas contas nas redes sociais. Justamente com o objetivo de não contaminar institucionalmente a imagem do exército.