Apesar da vitória de Lula nas eleições de 30 de outubro, o agronegócio brasileiro, que responde por mais de um quarto do PIB do país, apoiou fortemente o presidente Jair Bolsonaro durante sua campanha presidencial. Assim, para conquistar o setor, Lula visa entregar uma nova política de abastecimento, pautada nos chamados estoques reguladores, bem como, ofertar mais crédito.
Além disso, o presidente eleito quer alinhar ao agronegócio ações de combate à fome, compromisso que destacou como urgente.
O que Lula oferecerá ao agro?
Conforme a Federação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Lula trará taxas de juros menores para agricultores com produção ambientalmente sustentável e recomposição dos estoques reguladores de alimentos, utilizados pelo setor público para calibrar preços e combater a inflação.
Segundo aliados de Lula na agricultura, o presidente eleito quer reposicionar a produção brasileira no mercado internacional, ampliando os destinos das exportações e aumentando o valor agregado dos produtos enviados a parceiros tradicionais, como China, Europa e países árabes.
Assim, embora não haja números oficiais, o mercado espera mais de R$ 341 bilhões de recursos públicos para cultivo e escoamento da comercialização referente a safra 2022/2023, com colheita para o início do próximo ano.
Sobre os estoques reguladores de alimentos
Deixando de ser uma ferramenta prioritária no governo Jair Bolsonaro, os estoques regulamentados de alimentos possuem grandes estoques mantidos pelo governo como forma de atuar nos mercados de alimentos. Em outras palavras, o governo pode vender seus estoques de alimentos quando a demanda por um produto aumenta ou a oferta diminui, minimizando a incerteza e o risco associados.
Além disso, a estratégia beneficia os produtores, pois os estoques públicos compram produtos excedentes que não estão sendo consumidos, acumulando-os quando a demanda está baixa e evitando que os preços caiam muito.
Por fim, o governo pode aumentar os estoques por meio de compras diretas da agricultura familiar, com compras garantidas de povos tradicionais como quilombolas e comunidades indígenas, além de estabelecer parcerias comerciais com pequenos agricultores.
Estoques reguladores e política internacional
A China é o maior importador da soja brasileira e os estoques de farelo de soja parecem ser baixos, então esta é a primeira vez que o Brasil recebe encomenda deste produto, tornando-o importante para o comércio bilateral.
Dessa forma, ao adotar novas políticas que garantam preços mínimos aos produtores, será possível promover ações para direcionar a oferta de bens, como o governo estimulando ou desestimulando a produção.
Em suma, com a estratégia de estoques reguladores defendida por Lula, os alimentos podem ser vendidos para baixar os preços ou armazenados em locais públicos e privados, para diminuir a oferta e aumentar a lucratividade dos produtores.